15 de Agosto de 2008 às 12:09

Bancários do Santander e do Real cobram negociações

Fábio Barbosa diz que não haverá mudanças, porém, de janeiro até julho mais de 2 mil bancários do Santander, no Brasil, foram desligados

São Paulo/SP – Mesmo com a manhã chuvosa desta quinta-feira, dia 14, dirigentes sindicais do banco Real e do Santander foram para a porta de centros administrativos dos bancos para distribuir o jornal nacional Especial Santander/Real e lutar pela abertura das negociações com o atual presidente do Grupo Santander Brasil, Fábio Barbosa, para discutir o processo de fusão e cobrar a garantia de emprego e preservação de direitos, marcando o Dia Nacional de Luta. “Agora as duas empresas pertencem ao Grupo Santander Brasil”, lembra a diretora do Sindicato paulistano, Rita Berlofa.
 
Negociações – Na parte da tarde aconteceu a entrega da pauta de reivindicações específicas do Santander ao superintendente de relações sindicais do banco, Gilberto Trazzi. No documento, entregue pela diretora, pelo diretor Marcelo Gonçalves, do Real e por outros dirigentes da COE do Santander, constam cláusulas sociais. Os trabalhadores reivindicam a renovação integral do acordo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e a inclusão de algumas novas cláusulas com um ponto importante: a extensão dos direitos aos trabalhadores do Real.
 
Entre as cláusulas a serem negociadas no Acordo de PPR (Programa de Participação nos Resultados), está a ampliação de mil para 1,5 mil bolsas do auxílio-educação e a retirada do critério de tempo mínimo de banco para pleitear a conquista e ainda o aumento do teto de R$ 300 para R$ 350. Também faz parte das reivindicações, o valor mínimo por trabalhador de R$ 2 mil.
 
Outra exigência é sobre o pagamento proporcional da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) àqueles que se aposentarem durante o exercício de 2008; isonomia salarial para resolver as distorções salariais entre funcionários que desempenham a mesma função, “pois este é um dos graves problemas enfrentado pelos trabalhadores do banco”, destaca Rita Berlofa.
 
Os dirigentes, na entrega da minuta, reivindicaram ainda que as negociações ocorram junto com a mesa da Fenaban, pois as cláusulas a serem negociadas são cláusuals que não conflitam com o que estará sendo negociado na CCT. O mesmo já aconteceu em 2007 com o Banco do Brasil e com a Caixa Federal. “Queremos o mesmo tratamento para todos”, reforça Rita.
 
Os bancários precisam se mobilizar para conseguirem sucesso nas nossas justas reivindicações, tanto as que constam na minuta da CCT (PLR; PCS; aumento do piso; fim das metas abusivas; reajuste de 13,23%; etc) como as constantes na minuta aditiva à CCT. “E mais do que nunca lutarmos para mantermos nossos empregos e direitos, pois isso é um ‘direito humano’, unidos somos fortes, pensem nisso”, ressalta, Rita.
 
Emprego – “Nada muda para clientes e bancários nos próximos anos”, esta foi a frase do presidente do grupo Santander Brasil, Fábio Barbosa, durante a apresentação do balanço social da Fenaban na quarta, dia 13. Ele negou que haja plano de demissões em curso e admitiu que no processo de integração há áreas centrais onde existe racionalização. E citou o caso do departamento de pesquisas econômicas, que foi unificado.
 
A realidade é bem diferente. De janeiro a julho mais de dois mil bancários do Santander se desligaram ou foram desligados da empresa. Cerca de 1,1 mil trabalhadores pediram para serem demitidos. Outros 100 foram mandados embora por justa causa e aproximadamente 950 foram desligados da empresa sem justa causa.
 
Declarações dadas pelos executivos do banco à imprensa, dizem que não haverá demissão por conta da fusão, que, o “turnover natural” resolverá o problema. “É isso que eles chamam de turnover, quase 10% dos trabalhadores dos 23 mil declarados no balanço de dezembro de 2007, desligados?”, questiona Rita. Segundo ela, exige-se a abertura imediata de negociação com o presidente do banco para tratar das questões sobre emprego. “Já formalizamos este pedido em uma carta enviada a Barbosa. E até agora nada foi agendado”, completa.
 

Gisele Coutinho, do Seeb/SP
 

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