A economista da subseção do Dieese, Ana Carolina, comparou na quinta-feira, 4, os resultados apresentados pelo Santander e Real nos balanços do primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2007. Os dois bancos obtiveram ganhos astronômicos: o Santander lucrou R$ 830 milhões e o Real, R$ 1,064 bilhão, mas houve uma redução de 17,14% e 15,57%, respectivamente, em comparação com o ano anterior.
Ana Carolina expôs os números dos dois bancos, durante o Seminário Nacional de Dirigentes Sindicais do Santander e Real, que ocorre em Atibaia, na Grande São Paulo, com mais de 90 participantes de todo o País. O evento termina nesta sexta-feira, dia 5.
Veja o lucro dos dois bancos:
Santander
. 1º semestre de 2007: R$ 1,002.169 bilhão
. 1º semestre de 2008: R$ 830,364 milhões
-----------------------------------------------------
. Redução: 17,14%
Real
. 1º semestre de 2007: R$ 1.260.980
. 1º semestre de 2008: R$ 1.064.601
---------------------------------------------
. Redução: 15,57%
Fusão – Para a economista, a fusão não impactou a queda dos lucros. No balanço publicado consta em relação à incorporação do Real, que no dia 28 de julho de 2008 foi convertido em subsidiária integral do Banco Santander, assim como a AAB Dois Par.
O capital social do Santander será aumentado com base no valor econômico das ações do Real e AAB Dois Par de R$ 9.131.448 mil para R$ 47.152.202 mil. Serão emitidas ações do Santander que serão entregues aos respectivos acionistas das instituições incorporadas.
O Santander será a instituição líder dos conglomerados financeiros perante o Banco Central. O objetivo das operações é garantir a preservação das personalidades jurídicas do Banco Santander, Banco Real e AAB Dois Par e concentrar a participação dos acionistas minoritários destas entidades exclusivamente no Banco Santander.
“O impacto da fusão só deverá aparecer nos balanços do segundo semestre e, pelos dados publicados, não há indícios como isso se dará”, salientou Ana Carolina.
Confira alguns indicadores do Santander:
- 11,46% foi o crescimento das operações de crédito
- 0,25% foi a redução das receitas de intermediação financeira
- 14,90% foi a elevação das despesas de intermediação financeira
- 38,51% foi o aumento da provisão para crédito de liquidação duvidosa
- 18,56% foi a queda do resultado bruto da intermediação financeira
- 7,21% foi o crescimento das despesas de pessoal
- 17,93% foi a diminuição do resultado operacional
- 42,37% foi o aumento da participação dos empregados no lucro
- 22,3% foi a queda nas despesas de treinamento
- 17,14% foi a redução do lucro líquido
Observe alguns indicadores do Real:
- 8,64% foi o crescimento da intermediação financeira
- 15,64% foi a subida das despesas de intermediação financeira
- 29,51% foi o aumento da provisão para crédito de liquidação duvidosa
- 18,85% foi a queda do resultado operacional
- 16,74% foi o crescimento das despesas de pessoal
- 3,40% foi a elevação das participações dos empregados no lucro
- 15,57% foi a redução do lucro líquido
Número de empregados:
. 1º semestre de 2007: 23.196
. 1º semestre de 2008: 22,141
------------------------------------
. Redução: 4,55%
. 1º semestre de 2007: 31.203
. 1º semestre de 2008: 32,715
-------------------------------------
. Crescimento de 4,85%
Em relação ao emprego, a economista mostrou que o desempenho dos dois bancos ficou abaixo dos principais concorrentes. O Bradesco apresentou uma elevação de 5,52%, Itaú, 9,50% e o Unibanco, 8,57%.
Avaliação – Ana Carolina reclamou da falta de transparência dos bancos na divulgação dos seus resultados. Ela ressaltou que “o Santander é o banco que apresenta as maiores dificuldades para a análise do seu balanço”.
Ela acredita que a queda dos lucros pode ser reflexo de uma possível fuga de clientes frente ao processo de fusão. “O Santander não tem uma imagem positiva no mercado porque o atendimento é ruim. Vários serviços são terceirizados, prejudicando a agilidade do banco”, apontou.
Também frisou que “os bancos estrangeiros têm muita dificuldade para crescer no Brasil. O ABN deslanchou melhor porque respeitou a cultura do Real”, observou. A economista enfatizou ainda que “não existe lei no Brasil que limite a remessa de lucros para o exterior. O Santander já chegou a mandar três vezes o valor do seu lucro para a Espanha”.
Ademir Wiederkehr, do Seeb/Porto Alegre