25 de Fevereiro de 2016 às 15:21
Assédio
Policiais do Bope e Gate foram convocados para “motivar” gerentes de agência em reunião anual com presidente, no chamado Workshop Brasil 2016; trabalhadores consideraram mensagem pesada e ofensiva
O Bradesco, durante reunião anual de gerentes com o presidente do banco, encontrou uma forma “diferente” para motivar os trabalhadores. Em palestra, com formato de talk show, os entrevistados foram o ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais do Rio de Janeiro) Paulo Storani e Diógenes Lucca, um dos fundadores do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais da PM de São Paulo).
Acontece que a mensagem não agradou os bancários. Muitos relataram ao Sindicato que o conteúdo foi pesado e ofensivo. “Sob pretexto de que gerentes seriam a sua ´tropa de elite´, o Bradesco convocou os palestrantes. Como militares podem motivar uma equipe de gerentes? Qual a mensagem? A lógica de que quando o bancário não está satisfeito com as condições de trabalho, deve ´pedir pra sair`?”, questiona a dirigente sindical e bancária do Bradesco Erica de Oliveira.
Para a Secretária Geral do Sindicato que também é funcionária do Bradesco, Neide Maria Rodrigues "o banco usou de estratégia errada e ameaçadora coagindo os gerentes do Bradesco para conquistar clientes difíceis. Bancário não é policial e clientes não são bandidos. O assédio do Banco com a frase 'quem não tem competência pede pra sair'. Lembrando que o assédio é uma das grande causas do adoecimento dos bancários. A nossa entidade repudia este tipo de atitude do Banco".
“Todos com quem conversei disseram que o banco entregou uma ´granada sem pino´, que não poderiam deixar cair. Alusão a uma cena do filme Tropa de Elite. Os bancários do Bradesco, que construíram lucro recorde em 2015, segundo maior da história entre bancos no país, não merecem esse tratamento”, destaca a dirigente.
Sempre pode piorar
Como se não bastasse a “granada sem pino”, um dos vice-presidentes do Bradesco exibiu trecho do filme O Regresso, no qual o protagonista, interpretado por Leonardo Di Caprio, luta com um urso. “A ideia foi igualmente mal recebida. Viram como uma forma de motivá-los a ficar sempre no ataque, mesmo submetidos às condições de trabalho mais adversas”, enfatiza Erica.
Números de elite
O resultado do Bradesco em 2015 é algo “de cinema”. O banco fechou o ano com lucro de R$ 17,873 bilhões. Mesmo assim, cortou 2.659 vagas, encerrando 2015 com 92.861 empregados, 2.659 a menos que em 2014.
O lucro líquido por empregado subiu 19,7% e a receita de tarifas por funcionário 10,7%. Já o número de clientes por empregado subiu 5,1%, de 637 em 2014 para 670 em 2015. No mesmo período foram fechadas 152 agências, o que representa uma redução de 3,26%.
Felipe Rousselet SPBancários com informações SEEB-CGMS
Link: https://sindicario.com.br/banco-bradesco/pressao-militar-via-tropa-de-elite-no-bradesco/