11 de Junho de 2015 às 07:14

Quer ser barrado? Dê uma passada no Bradesco

Bradesco, “tudo de Bra”

Sindicato inicia série de protestos contra prática do segundo maior banco privado do país, que expõe bancários ao barrar usuários nas portas das agências e orientar que contas sejam pagas em lotéricas e correspondentes


Quer ir ao Bradesco fazer um depósito direto no caixa? Ou pagar aquele boleto diretamente com o funcionário do banco ao invés de utilizar o autoatendimento? Tentou entrar na agência para pagar uma conta no caixa, mas te mandaram pagar sua conta na lotérica mais próxima?

O Bradesco, “tudo de Bra”, coloca bancários na linha de frente das agências com coletes vermelhos “Posso ajudar”. A inscrição, no entanto, deveria ser “Posso te barrar”, já que esse parece ser o objetivo final do projeto de atendimento imposto pelo banco: retirar usuários “desinteressantes” das unidades.

Para protestar contra o desrespeito aos direitos dos clientes e às condições de trabalho dos funcionários, o Sindicato usou de bom humor. Uma encenação promovida na quarta-feira 10 em agência da Rua Voluntários da Pátria, zona norte da capital denunciou o projeto do banco. “Iniciamos uma ofensiva para denunciar esses abusos. Vamos realizar atos como esse em diversas agências de São Paulo, Osasco e região e faremos muito barulho para continuar chamando a atenção da população”, explica o diretor do Sindicato Marcos Amaral, o Marquinhos.

Lucro com demissão

O Bradesco é o segundo maior banco privado do Brasil e mesmo arrecadando R$ 5,7 bilhões em tarifas no primeiro trimestre de 2015, aumentou as taxas e descartou bancários. “Nesse período, o banco reduziu 4.569 postos de trabalho em relação aos três primeiros meses de 2014, e quem paga a conta é o cliente barrado e o trabalhador sobrecarregado”, protesta o dirigente. Marquinhos chama a atenção para o sufoco que bancários passam ao barrar clientes: muitos ficam irritados, o que causa tremendo estresse para os funcionários.

Durante o ato, a agência funcionou normalmente e foi distribuído aos usuários panfleto que explica a prática do banco. “A agência deve atender o público. Se alguém for barrado deve denunciar imediatamente ao Procon pelo 151, Banco Central pelo 145 ou o Idec pelo telefone 3874-2150”, orienta.

Gisele Coutinho

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