O Banco do Brasil fechou a compra de 50% das ações do Banco Votorantim, pertencente à família Ermírio de Moraes. Pelo acordo fechado, a família manterá o controle acionário, mas a gestão será compartilhada com o Banco do Brasil.
O negócio foi fechado por R$ 4,2 bilhões, metade do valor da instituição, segundo avaliação recente. O valor será depositado em uma conta vinculada e só começará a ser liberado depois que o Banco Central aprovar operação.
Com o negócio, o Banco do Brasil se aproxima ainda mais de Itaú/Unibanco, mas permanece em segundo lugar no ranking das maiores instituições financeiras do país por ativos.
O BB ainda negocia a compra de dois bancos, o que lhe daria a liderança no mercado. São eles o BRB (Banco de Brasília) e o Banespes (Banco do Estado do Espírito Santo). Se concretizar um desses negócios, o BB ultrapassará o Itaú-Unibanco.
Segundo a Folha apurou, a confirmação e os detalhes do negócio serão divulgados em um “fato relevante” a ser divulgado na manhã de hoje, antes da abertura do mercado financeiro. Depois, o negócio será anunciado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, com representantes da família Votorantim e com executivos do banco estatal.
A concretização do negócio acontece após cerca de três meses de negociações. Enfrentando dificuldades financeiras, a família procurou o Palácio do Planalto. O pedido de socorro veio ao encontro do desejo do presidente Lula de terminar o seu mandato com o BB de volta à liderança do mercado.
Além de buscar o topo do ranking em ativos, com a participação no Votorantim o BB espera fortalecer sua carteira de veículos -ramo em que tem atuação discreta.
Nos últimos anos, o Votorantim investiu no mercado de financiamento de automóveis, especialmente o de carros usados. Em junho, tinha uma carteira de R$ 17,9 bilhões e presença nas principais concessionárias do país.
Braço financeiro do grupo industrial da família Ermírio de Moraes, o Votorantim foi fundado em 1988. Hoje está entre as dez maiores instituições financeiras do País. O grupo está presente nos setores de cimento, metalurgia e papel e celulose. O Votorantim empregava, em setembro, 990 funcionários e tinha 16 agências em São Paulo, Rio, Porto Alegre, Curitiba e Campinas.
O patrimônio líquido do banco estava em R$ 6,454 bilhões naquele mês, de acordo com informações do Banco Central. O banco também tem presença importante no atacado bancário e na gestão de recursos.
Antes de ser concretizado, o negócio esbarrou em resistências dentro do BB. Parte dos executivos não concordava inteiramente com o preço negociado inicialmente nem com o modelo de negócio, que previa a manutenção do controle do Votorantim nas mãos da família Ermírio de Moraes.
Nos últimos dias, circularam informações de que o Banco do Brasil compraria 49% do Votorantim, mas o negócio foi fechado meio a meio, com gestão compartilhada. O interesse do BB é ter agilidade na tomada de decisões e poder, inclusive, pagar salários mais competitivos a seus executivos, o banco tem limites por ser uma instituição pública.
Ativos – O Banco do Brasil não está atrás da liderança do sistema financeiro nacional em ativos “desenfreadamente”, segundo informou o presidente do BB, Antonio Francisco de Lima Neto, a jornalistas. A liderança foi perdida pelo BB após a fusão do Itaú com o Unibanco.
O BB anunciou a compra de parte do banco Votorantim. Pelo acordo, o BB terá 49,99% do capital votante da instituição e 50% do capital social. A conclusão da operação ainda depende da aprovação do Banco Central do Brasil e demais autoridades.
Segundo Lima Neto, a instituição vai continuar almejando o crescimento, mas com operações que se encaixem no perfil do BB. “Só estamos em busca de negócios que façam sentido econômico para o BB. Os bancos que adquirimos se encaixam perfeitamente nos nossos negócios”, disse, sobre a compra de parte do banco Votorantim, anunciada hoje. Anteriormente, já tinha adquirido a Nossa Caixa.
Após a compra de parte do banco Votorantim, o BB subiu de R$ 512,4 bilhões em ativos para R$ 553 bilhões, ainda abaixo dos R$ 575 bilhões do Itaú-Unibanco. Lima Neto confirmou ainda que o BB continua avaliando a compra do Banco Regional de Brasília (BRB), de propriedade do governo do Distrito Federal. “Em breve, deveremos ter uma conclusão se vamos adiante ou não”, afirmou ele.
Acrescentou que a Medida Provisória 443, que foi editada pelo governo no ano passado e que permite a estatização de bancos privados, possibilita ao Banco do Brasil “continuar olhando o mercado”. Sobre a negativa de que o BB não estaria negociando a compra do banco Votorantim, Lima Neto disse que não podia, naquele momento, comentar o assunto.
Folha de S. Paulo e G1