27 de Novembro de 2008 às 22:28
Ontem, em depoimento no Congresso Nacional, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou os bancos a adotar o papel de liderança na ampliação da oferta de crédito e redução do custo dos empréstimos. A ordem foi dada na semana passada, quando ele se reuniu com os presidentes das instituições financeiras federais. Segundo técnicos, naquela reunião, o presidente teria se mostrado irritado com o fato de os juros estarem subindo, inclusive nos bancos oficiais.
O BB, porém, nega que sua decisão seja decorrente de uma diretriz ditada pelo presidente Lula. “Desconheço essa orientação”, disse o vice-presidente de Finanças, Mercado de Capitais e Relações com Investidores do Banco do Brasil, Aldo Luiz Mendes. Ele afirmou que o corte dos juros é fruto de uma “lei irrevogável”: oferta e procura.
Segundo o executivo, o agravamento da crise financeira, a partir de setembro, levou a um sumiço drástico das linhas de crédito. Nesse quadro, os poucos bancos que seguiram emprestando aumentaram a taxa de juros. Foi o caso do BB.
No entanto, medidas do governo, como a liberação de recursos do compulsório (que os bancos têm obrigatoriamente de depositar no BC) e os leilões de dólares para atender aos exportadores, melhoraram as condições de liquidez do mercado, de forma que os bancos voltaram a emprestar.
Mendes disse que o Banco do Brasil vem oferecendo Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) a exportadoras, mas muitas delas recusam. “Não aceitam mais o preço que vinha sendo praticado”. Essa é a razão principal pela qual o BB decidiu cortar suas taxas, disse Mendes. Ele explicou que os juros não retornarão de imediato aos níveis pré-crise porque a taxa de risco está mais elevada, assim como as taxas de juros futuros.
O governo está preocupado com a alta do custo do crédito. Anteontem, o BC informou que a taxa média de juros dos empréstimos subiu de 40,4% ao ano em setembro. Nos bastidores, a avaliação é de que o “sumiço” das linhas de crédito, depois do agravamento da crise, começou a ser superado. O problema, dizem técnicos, é que o aumento da liquidez não vai garantir a dinamização da economia se os empréstimos ficarem mais caros.
Fabio Graner e Lu Aiko Otta, do O Estado de São Paulo
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