12 de Julho de 2017 às 11:11
BB
Reginaldo de Oliveira/Martins e Santos Comunicação
Os caixas do Banco do Brasil estão sendo obrigados a vender Ourocap, o título de capitalização do banco. A medida foi anunciada recentemente por meio da “Campanha Capitaliza PSO (Plataforma de Suporte Operacional)”, que estabelece premiação para os funcionários que conseguirem atingir as maiores vendas.
O Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região critica esta imposição de metas aos caixas, que devem se dedicar especificamente ao atendimento de usuários e clientes no guichê. “A atividade de caixa era única e exclusivamente operacional, e agora o Banco do Brasil apresenta esta visão negocial para este trabalhador”, relata o secretário de assuntos jurídicos do SEEB-CG, Orlando de Almeida Filho.
O regulamento da campanha prevê premiação em dinheiro (R$ 200 a R$ 600) e envio de um brinde extra para os 5 maiores vendedores em quantidade de planos e os 5 maiores em faturamento, o que caracteriza um ranking.
A medida desconsidera uma das conquistas da categoria bancária, que é a cláusula 37ª da Convenção Coletiva de Trabalho 2016/2018, que proíbe a exposição de ranking com resultados individuais. “Desrespeita seus trabalhadores porque trabalha com conceito de vencedores e, portanto, terão perdedores, principalmente, aqueles caixas que não conseguirem vender esses Ourocap em função do ritmo que precisam ditar para diminuir as filas de atendimento”, ressalta.
A venda de títulos de capitalização prejudica o trabalho do funcionário e deve interferir no tempo de atendimento. “É uma irresponsabilidade do Banco do Brasil. Neste momento em que reduz seu corpo funcional e diminui o número de agências, o banco joga para o caixa - que fica na linha de frente - duas responsabilidades: uma é ter essa função negocial, que não é o papel do caixa, e a outra é a responsabilidade do atendimento ao usuário e cliente, não garantindo rapidez na fila”, afirma o secretário de Assuntos Jurídicos, que ainda completa a tamanha irresponsabilidade do PSO ao retirar um caixa para fazer triagem na abertura da agência, uma prerrogativa que não é deste trabalhador.
Para o sindicato, a nova atribuição aos caixas do Banco do Brasil faz parte da reestruturação interna provocada pelo desmonte das empresas públicas, que é promovido pelo governo de Michel Temer.
“9.409 postos de trabalho foram fechados com a adesão ao último PAI (Plano Extraordinário de Aposentadoria Incentivada) e isso não teve reposição. 563 agências deixaram de existir. Isso vem sufocando o atendimento do Banco do Brasil, que é o banco que está liderando o ranking de denúncia dos clientes em função do péssimo atendimento relacionado a reestruturação”, detalha Orlando.
O sindicato ressalta ainda que a atividade com numerários requer muita atenção e, essa obrigatoriedade pode facilitar eventuais diferenças de caixa. Por tudo isso, uma das medidas do SEEB-CG será denunciar o Banco do Brasil ao Ministério Público do Trabalho.
Link: https://sindicario.com.br/banco-do-brasil/sindicato-critica-meta-imposta-a-caixas-do-banco-do-brasil/