21 de Novembro de 2008 às 12:28
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A compra da Nossa Caixa pode levar o Banco do Brasil (BB) de volta à liderança do ranking de bancos brasileiros, ultrapassando o conglomerado que vai resultar da fusão do Itaú com o Unibanco.
A simples soma dos balanços de setembro dá ao Itaú Unibanco Holding ativos totais de R$ 575,12 bilhões, com uma vantagem de R$ 62,7 bilhões em relação aos R$ 512,4 bilhões que terá o BB quando a Nossa Caixa for incorporada. No entanto, a superposição de clientes faz com que o número final, ao longo de algum tempo, seja inferior.
A superposição no caso do Itaú e Unibanco deve ficar dentro da média do mercado, ou seja, entre 20% e 25%, disse o presidente da Austin Ratings, Erivelto Rodrigues. Já no caso do BB e Nossa Caixa, a superposição deve ser menor, dada a penetração relativamente baixa do banco federal no Estado de São Paulo. Se a superposição do Itaú Unibanco ficar no piso, os ativos cairão abaixo de R$ 500 bilhões, deixando o BB na frente.
O novo banco federal terá uma rede de 1.324 agências em São Paulo, a maior do Estado dono do segundo maior PIB per capita do Brasil, depois do Distrito Federal. Antes dessa operação, o Itaú Unibanco Holding havia assumido a liderança no Estado, ao somar 1.285 agências, à frente do Santander junto com o Real, com 1.206, e do Bradesco, que liderava no mercado paulista antes dessa recente onda de consolidação, desencadeada pela expansão do Santander no país, com 1.201 unidades.
Um dos principais atrativos da Nossa Caixa para o BB são os cerca de R$ 16 bilhões em depósitos judiciais, um dos fundings mais baratos do (taxa referencial mais 6% ao ano) e estáveis do mercado, além de R$ 11 bilhões em poupança. Além disso, a Nossa Caixa tem a conta-salário de 1,1 milhão de funcionários públicos estaduais, que estão entre os mais bem pagos do País; e uma rede forte no Estado de São Paulo. A carteira de clientes funcionários públicos dobrou no ano passado quando a Nossa Caixa assumiu a folha de pagamentos dos que haviam sido herdados pelo Santander com a compra do Banespa.
A Nossa Caixa também encorpa as crescentes operações de consignado do Banco do Brasil em R$ 4,5 bilhões e sua carteira de crédito rural.
O negócio também aumenta a pressão sobre o Bradesco, que já havia perdido a liderança entre os bancos privados após a fusão do Itaú com o Unibanco e agora vê a praça de São Paulo, onde reinava até há pouco tempo, muito mais concorrida.
Para Rodrigues, a alternativa de crescimento do Bradesco passa por uma aliança com alguns dos bancos estrangeiros presentes no país, o HSBC e o Citibank. No entanto, nenhum dos dois parece disposto a isso. O presidente mundial do Citi, que esteve no País terça e quarta-feiras, Vikram Pandit, descartou qualquer aliança ou joint venture no mercado brasileiro e, como sempre, parece mais acostumado à ponta compradora. Embora o Brasil entusiasme Pandit, não parece o momento certo para o Citi fazer uma aquisição, dada a complicada situação em seu mercado doméstico. O HSBC também se coloca na ponta compradora e não costuma fazer alianças no mercado internacional.
Maria Christina Carvalho, do Valor Econômico