18 de Novembro de 2019 às 09:48
BB
Os associados da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi) vão às urnas entre os dias 18 a 28 de novembro para votar a proposta de sustentabilidade da entidade elaborada e aprovada pela direção do plano. A Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN) orienta o voto SIM na proposta, que foi elaborada conjuntamente pelas entidades de representação dos funcionários e pelos diretores e conselheiros eleitos e indicados da Cassi.
A Cassi está sob regime de direção fiscal da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), devido à crise financeira em que se encontra. A situação pode ficar ainda pior a partir de 2020, já que em dezembro de 2019 se encerram as contribuições extraordinárias da última alteração estatutária (Memorando de Entendimentos), ocorrida em 2016 e que garantiu o aporte de cerca de R$ 500 milhões por ano, durante esses três anos.
“A situação da Cassi é dramática. Corremos o risco de perder essa importante conquista dos funcionários do BB. Foi para evitar essa ameaça que as entidades representativas do funcionalismo participaram da negociação em busca de uma solução para a sustentabilidade da Cassi. Por isso é importante que todos votem na consulta, para que possamos atingir o quórum, e digam sim à proposta para salvarmos nossa Cassi”, orienta Cleiton dos Santos, presidente da Fetec-CUT/CN), que é funcionário do BB.
De acordo com o relatório da diretora fiscal, o Patrimônio Líquido da Cassi é negativo em R$ 137 milhões, a insuficiência na margem de solvência é de R$ 905 milhões e os ativos garantidores estão negativos em R$ 116 milhões. A soma desses números chega a R$ 1,2 bilhão. Ainda no relatório, a ANS estabeleceu prazo de 30 dias para apresentação de programa de saneamento.
A proposta apresentada pela Cassi traz aumento no custeio de associados e patrocinador, reequilibrando as contas da entidade e evitando os cenários mais drásticos previstos pela resolução normativa que rege a direção fiscal.
A diretora fiscal, nomeada pela ANS, comunicou em 23 de outubro que a Cassi deve apresentar, até o dia 23 de novembro, um Programa de Saneamento a ser cumprido em 24 meses. Caso a Cassi não atenda a solicitação, o colegiado da ANS pode fazer valer as prerrogativas previstas na resolução normativa 316, que rege a direção fiscal, e decretar a venda ou liquidação do plano de saúde. Caso a proposta não seja aprovada, a Cassi corre o risco de acabar, e os associados teriam garantido o valor de 4,5% do salário para buscar um plano de saúde no mercado.
Um dos grandes problemas do Plano de Associados é a falta de oxigenação, ocasionando o envelhecimento da população e consequente aumento da sinistralidade. Os bancários oriundos do último concurso, no qual o edital não citava plano de assistência médica, estão impedidos de se associar à Cassi. Recebem o reembolso de 4,5 % do salário para complementar o custeio de um plano de mercado.
A proposta que será votada abre a possibilidade dos novos funcionários entrarem no Plano de Associados, proporcionando a oxigenação do plano e o estabelecimento desse direito.
Para sanar a questão financeira, a proposta estabelece contribuição estatutária de 4,5% do patrocinador por associado e contribuição patronal de 3% por dependente dos funcionários da ativa, com teto de 9%.
Também está prevista taxa de administração paga pelo patrocinador até 2021, correspondendo ao valor de 10% da folha de pagamento dos funcionários da ativa.
Outro item que será implementado caso a proposta seja aprovada é a antecipação das despesas do grupo de dependentes indiretos, a ser paga pelo patrocinador, no valor de R$ 450 milhões.
Todas as novas contribuições serão retroativas a janeiro de 2019, somando R$ 1 bilhão em novos aportes patronais neste ano.
O custeio dos associados ficará em 4%, e será instituída cobrança por dependente na seguinte proporção: o associado da ativa pagará 1% no primeiro dependente; 0,5 % no segundo; e 0,25% a partir do terceiro dependente.
O associado aposentado pagará 2% no primeiro dependente; 0,5% no segundo e 0,25% a partir do terceiro. O teto de contribuição de todos os associados será de 7,5% (custeio+dependentes).
Assim, se a proposta for aprovada, fica mantido o modelo solidário de custeio baseado em valores percentuais de salário e não em valores fixos por faixa etária, como é praticado no mercado.
Foi aprovado este ano no Conselho Deliberativo da Cassi o aumento das coparticipações para 50% e 30%. Como a medida ainda não foi implementada, os valores cobrados atualmente permanecem em 40% para consultas e 20% para eventos de diagnose e terapia.
A direção da Cassi anunciou em seus canais de comunicação que, caso a proposta seja aprovada e as provisões sejam restabelecidas, a coparticipação cobrada atualmente será mantida e poderá, inclusive, ser reduzida.
Caso aprovada a proposta, todos os associados da Cassi, atuais e futuros, terão o direito de preservá-la na aposentadoria. Também fica mantida a contribuição patronal pós-laboral para os atuais associados da ativa e aposentados. Os funcionários do último concurso e futuros, que hoje estão impedidos de entrar no Plano de Associados, poderão se associar e permanecer no plano na aposentadoria, na modalidade de autopatrocinados.
A aprovação dessa proposta assegura a continuidade da responsabilidade do BB com o plano, hoje resguardada pelo estatuto da Cassi, que será mantido.
Caso a proposta não seja aprovada e a Cassi liquidada ou vendida, cessa a responsabilidade da empresa com o plano, tendo a obrigação de custear qualquer outro plano de saúde do mercado, repassando valor equivalente a 4,5% do salário do trabalhador.
Assim, a não aprovação da proposta pode acelerar o fim da Cassi, ajudando no projeto do governo de privatização do BB.
Qualquer alteração do estatuto deve passar por consulta ao Corpo Social, com a necessidade de 2/3 de votos favoráveis para aprovação. Esse direito permanece inalterado. Assim, qualquer questão relacionada ao custeio e aos direitos previstos no estatuto estarão protegidos.
A governança da Cassi continuará paritária, sendo metade dos diretores, conselheiros deliberativos e conselheiros fiscais eleita pelos associados. A outra metade da direção será indicada pelo patrocinador. O Conselho Deliberativo continuará sendo presidido por um eleito.
Na diretoria executiva a proposta prevê a instituição do voto de qualidade para o presidente, somente para os seguintes assuntos administrativos:
• VI. Orientar e controlar a execução das atividades administrativas e baixar os atos necessários à organização e funcionamento da Cassi.
• XI. Conceder auxílios e benefícios, na forma dos regulamentos, podendo delegar essa competência.
• XV. Estimular a instalação, valorizar e apoiar os Conselhos de Usuários em suas atividades junto às dependências regionais.
• XVI. Apreciar recursos dos associados, podendo delegar esta competência.
• XVIII. Decidir sobre locação de imóveis, na forma do Regimento Interno e do Manual de Alçadas, nos limites estabelecidos pelo Orçamento.
• XXII. Decidir sobre a suspensão de associados nas situações descritas no Art. 11 do Estatuto da Cassi e dos regulamentos.
• XXIII. Assegurar a utilização dos meios hábeis para recuperação de quantias devidas à Cassi.
Na proposta inicial, havia voto de qualidade para os demais itens de competência da diretoria, que extrapolavam questões meramente administrativas.
Fonte: Fetec-CUT/CN
Link: https://sindicario.com.br/banco-do-brasil/votacao-de-nova-proposta-para-a-cassi-comeca-nesta-segunda-feira/