6 de Junho de 2012 às 09:57

Santander: Contraf inicia negociação sobre aditivo e PPRS

A Contraf-CUT, federações e sindicatos realizaram nessa terça-feira 5, em São Paulo, a primeira negociação com o Santander para a renovação do acordo aditivo à convenção coletiva dos bancários e do Programa de Participação nos Resultados Santander (PPRS). A rodada ocorreu logo após a entrega da minuta de reivindicações específicas ao banco espanhol.

Os representantes do banco propuseram a renovação do aditivo e do PPRS, nas mesmas condições vigentes, sem quaisquer alterações, com a assinatura de um acordo com prazo de dois anos.

Os dirigentes sindicais cobraram avanços. "Queremos discutir o aditivo e o PPRS, mas com a perspectiva de garantir avanços para os trabalhadores brasileiros, responsáveis por 27% do lucro mundial do Santander, o melhor resultado do banco em todo mundo", defende Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da Contraf-CUT.

Ele lembrou que, apesar da crise financeira na Espanha, a última assembleia dos acionistas do Santander Brasil, ocorrida no dia 24 de abril, aprovou por maioria a remuneração global anual de R$ 300 milhões aos administradores do banco em 2012.

Esses recursos milionários serão pagos para apenas 56 membros da Diretoria Executiva e 8 integrantes do Conselho de Administração. Isso representa um ganho médio mensal de R$ 390 mil para um desses executivos.

Essa remuneração aumentou em relação ao ano de 2011, quando foram destinados R$ 283,540 milhões para esse altão escalão do banco.

"É injusto e inaceitável que os trabalhadores recebam tratamento diferenciado e não sejam valorizados", cobrou o diretor da Contraf-CUT.

Nova negociação foi agendada para a próxima terça-feira (12).

Garantia de emprego

A minuta foi definida no dia anterior, durante a reunião ampliada na Comissão de Organização dos Empregados (COE), instância da Contraf-CUT que assessora as negociações com o banco. As reivindicações foram elaboradas com base nas consultas dos sindicatos, que ouviram os funcionários, fizeram debates e reuniões nos locais de trabalho.

"Temos um bloco de cláusulas do aditivo que queremos que sejam mantidas e outro bloco de propostas para que sejam atendidas e virem cláusulas novas", destaca Maria Rosani, coordenadora da COE do Santander.

Os dirigentes sindicais apontaram que as consultas indicaram em todo país que a prioridade principal é a garantia de emprego. Na Espanha, apesar da crise financeira, o Santander não demite, mas aqui no Brasil o banco pratica a política da rotatividade, dispensando milhares de trabalhadores.

"Propomos também a retomada da licença remunerada pré-aposentadoria, o pijama, como forma de evitar demissões", afirma a dirigente sindical.

Outras prioridades dos bancários são a ampliação das bolsas de estudos para pós e segunda graduação e a manutenção do plano de saúde durante a aposentadoria nas mesmas condições dos trabalhadores da ativa, dentre outras.

Igualdade de direitos

A secretária de Finanças do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Rita Berlofa, destacou que o que está sendo apresentado ao banco para renovação do aditivo tem por base o praticado na Espanha.

Ela acentuou que, mesmo aquele pais passando por crise financeira, a matriz não demite trabalhadores e mantém acordo coletivo com cláusulas sociais mais vantajosas que as do Brasil, além de tratar os dirigentes sindicais como se na ativa estivessem, ou seja, com isonomia de direitos aos demais funcionários da empresa.

"Não aceitamos que os trabalhadores brasileiros paguem a conta da crise financeira na Espanha", destacou Rita.

Transparência na renda variável

Os representantes do banco afirmaram que, em função de a lei federal nº 10.101 determinar que a distribuição dos valores dos programas próprios de remuneração variável deve ser definida ainda no primeiro semestre, há pressa para que se chegue a um acordo.

Rita afirmou que não há impedimentos em se chegar logo a um acordo, mas ressaltou que isto dependerá da disposição do banco em apresentar uma proposta que contemple as expectativas dos funcionários.

"Por não se tratar de natureza salarial, a distribuição dos programas próprios está livre de recolhimento de encargos como FGTS e INSS, entre outros, o que representa isenção fiscal para o banco na ordem de 36%", explica.

Ela salienta essa legislação também determina que tais programas devem ser negociados com o sindicato para garantir mais transparência. "Isso, infelizmente, não está acontecendo. Os bancários não conseguem distinguir o que está sendo pago no programa de remuneração. Por isso, queremos negociar critérios claros para que todos saibam o que ganham, como é feita a distribuição e quais são as regras desse jogo", propõe.

"Os funcionários reivindicam ser reconhecidos pelo valor, empenho e dedicação. Se o banco contemplar esses anseios nas negociações, fecharemos logo um acordo", acrescenta Rita.

Venda responsável de produtos

Rita lembrou ainda que o banco assinou no ano passado uma declaração de venda responsável de produtos financeiros com o Comitê de Empresa Europeu, válido para todos os países europeus onde o banco atua.

"Atualmente, o funcionário se sente aviltado em seus princípios por ter de vender produtos que são impostos pela empresa e não interessam aos clientes. A venda responsável também aqui tiraria esse peso do trabalhador, que passaria a ofertar produtos de acordo com as necessidades e capacidade dos clientes", explica.

"Com isso, numa situação de tanta turbulência, o próprio banco ganharia com a imagem de uma instituição que respeita a população brasileira. Ou seja, é uma medida que viria ao encontro das reivindicações dos trabalhadores e dos clientes", ressalta a dirigente sindical.

Reunião específica

As entidades sindicais cobraram a marcação de uma reunião específica com o banco para discutir a política de segurança bancária e a atuação do Grupo de Operações Especiais (GOE).

Paulo Garcez, diretor da Federação dos Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo, denunciou o assassinato do caixa Rodrigo Araújo Vieira, da agência Otávio Tarquino do Santander, em Nova Iguaçu (RJ). Ele encontrado carbonizado na última quinta-feira, dia 31 de maio, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.

O funcionário sofreu um sequestro-relâmpago há cerca de 15 dias, foi interrogado pela polícia e pelo Grupo de Operações Especiais (GOE) do banco e recebeu telefonemas ameaçadores, conforme denúncia do advogado da família, Walmar Flávio de Jesus.

"Apesar do interrogatório a que foi submetido pela GOE e das ameaças que vinha recebendo, nenhuma medida foi tomada pelo banco para garantir segurança e proteger a vida do bancário, e ele acabou sendo morto", denunciou Garcez, que esteve no enterro do funcionário e relatou o clima de insegurança dos colegas da agência.

A Contraf-CUT ficou de fazer um levantamento nacional junto aos sindicatos para apurar outras denúncias, pois é inaceitável que haja pressões psicológicas de inspetores sobre os trabalhadores, que parecem torturas, além do descaso com a vida das pessoas. O banco ficou de agendar uma reunião específica.

Reunião com presidente do Santander Brasil

A Contraf-CUT e o Sindicato dos Bancários de São Paulo se reúnem nesta quarta-feira (6), às 17h, com o presidente do Santander Brasil, Marcial Portela, em São Paulo. O diálogo foi marcado após o envio de cartas ao banco, solicitando um encontro para esclarecer as notícias divulgadas pela imprensa sobre possível venda da subsidiária brasileira.

"Queremos obter informações sobre a real situação do banco, sobretudo diante da crise financeira da Espanha, bem como as medidas que estão sendo tomadas e o impacto sobre a atuação da instituição no Brasil", destaca o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, que participará da reunião.

Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo

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