2 de Junho de 2022 às 08:25
Santander
FOTO: SPBANCÁRIOS
Em reunião com a Comissão de Organização dos Empregados (COE), nesta quarta-feira 1º, o Santander admitiu que está terceirizando o setor de investimentos do banco, o Quarteirão de Investimentos. Segundo o banco, os trabalhadores serão “convidados” a aderir ao processo e, caso aceitem, serão demitidos do banco, sem justa causa, e recontratados pela Corretora de Valores, empresa do Grupo Santander. O banco disse ainda que esses contratos seriam, pelo menos nesse primeiro momento, no regime CLT; e que os trabalhadores que não aceitarem deverão procurar outra vaga no banco, de acordo com sua qualificação. O banco também informou que pretende finalizar o processo em até 60 dias.
O banco não informou qual seria o salário, a PLR e os direitos dos bancários uma vez na corretora. Segundo a representante do Santander, haverá conversas com cada trabalhador sobre essas questões.
“Certamente os salários, PLR e demais direitos desses trabalhadores serão reduzidos”, afirma André Camorozano, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Mas o banco, acrescenta André, está “vendendo” essa mudança como modernidade.
“A propaganda que o banco faz é que os trabalhadores serão 'sócios' da empresa, que esse novo modelo de negócio trará vantagens para eles e para os clientes. Isso é uma afronta à inteligência dos trabalhadores! Porque sabemos que o banco está fazendo isso justamente para reduzir salários e direitos”, critica André Camorozano, dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
“Estamos vivendo em um país com 12 milhões de desempregados, e o Santander se vale dessa situação e dos ataques sofridos pela classe trabalhadora nos governos Temer e Bolsonaro para impor prejuízos a seus funcionários: eles continuarão fazendo as mesmas tarefas de antes, mas com remuneração menor e menos direitos. O que o Santander chama de 'sociedade', nós chamamos de intermediação fraudulenta de mão de obra”, denuncia Vera Marchioni, diretora Executiva do Sindicato.
André Camorozano, orienta os trabalhadores a não pedir demissão. “Há coordenadores dizendo, em conversas privadas com os bancários, que se não aderirem será 'olho da rua', usando exatamente essas palavras. O banco apresenta como uma maravilha, mas sabemos que a terceirização é a precarização dos empregos.”
Vera critica ainda a completa falta de transparência do banco nesse processo e a ausência de qualquer negociação com o movimento sindical. “Mais uma vez o banco prática um processo de terceirização vertical: transferindo setores inteiros para empresas do grupo, como fez com os trabalhadores de tecnologia que foram para a F1RST, do call center para SX Negócios e do microcrédito para a Propera.”
A dirigente anunciou que o Sindicato vai lutar pela representação desses trabalhadores. “O Sindicato dos Bancários vai lutar pela representação de todos os trabalhadores que o Santander está retirando da categoria bancária. Chamamos todos os trabalhadores para a luta!”.
Ela reforça que o banco só está conseguindo terceirizar por conta das mudanças nas leis promovidas a partir de 2016, com o golpe ao governo Dilma Rousseff.
“O banco está se aproveitando de uma janela política para impor redução de direitos. Por isso é fundamental que a gente consiga eleger, em outubro, um Congresso Nacional que nos represente, que represente a classe trabalhadora. Temos que eleger deputados e senadores que, uma vez em Brasília, trabalhem para revogar esses ataques sofridos desde o governo Temer e agravados no governo Bolsonaro”, disse Vera Marchioni, diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Fonte: SP Bancários
Link: https://sindicario.com.br/banco-santander/santander-impoe-terceirizacao-no-qi-sem-qualquer-transparencia-ou-respeito/