14 de Fevereiro de 2017 às 10:53

Cadeirante que denunciou assédio na Funcef é demitida

Assédio

Luciana (nome fictício)* trabalhava há 11 anos na Funcef. Sempre foi tida como uma boa funcionária e tinha orgulho de sua trajetória profissional. Cadeirante, suas conquistas sempre se deram por seus esforços pessoais.

As coisas começaram a mudar para ela quando uma nova chefe entrou na gerência de Relacionamento e Atendimento aos Participantes. “Foi quase que imediato. A partir de então passei a ser isolada da equipe, sem ser convidada para as reuniões e sempre ouvindo ironias quando tentava participar de algum assunto”, lamenta.

Luciana começou a sofrer os efeitos do assédio no corpo. Ficou deprimida, não conseguia mais dormir e sua disposição para ir ao trabalho foi se reduzindo. Ela não suportava mais as humilhações e decidiu fazer a denúncia. Mais nove empregados também assinaram um pedido para que a Funcef tomasse uma atitude. No dia 25 de fevereiro de 2015, o Conselho Deliberativo da Fundação determinou que a Diretoria Executiva apurasse a acusação de prática de assédio moral cometido pela gerente e pela coordenadora da área.

  

Segundo a denúncia, feita por um grupo de funcionários, entre as condutas apontadas destacavam-se agressão verbal, ameaça de demissão, desvio de função, recusa de comunicação direta com os gestores, constrangimento público, brincadeiras de mau gosto, gestão do medo, estímulo à rivalidade entre os empregados e imposição de decisões em nome do diretor.

Quase um ano depois, além de não apresentar os resultados de qualquer investigação, a empresa começou a retaliar as vítimas. No dia 2 de fevereiro, Luciana foi demitida pela referida gerente. “A justificativa foi que estavam fazendo uma reestruturação. Tenho certeza que na verdade foi retaliação”, diz Luciana.

O assédio moral é uma das mais cruéis formas de violência no ambiente de trabalho. Segundo pesquisa do site vagas.com, 52% dos trabalhadores brasileiros já sofreram assédio moral. Várias delas com danos irreversíveis. Luciana, inclusive, estava passando por tratamento psicológico.

A Fenae já tratou do tema outras vezes e vai continuar acompanhando o caso e prestando assistência à denunciante, que ainda tem o agravante de ter entrado na empresa em vaga de PCD (pessoa com deficiência), cuja contratação e dispensa seguem regras específicas. “O assédio é uma agressão grave de precisa ser coibido. Vamos acompanhar a questão até para entender se não existem outros casos que não vem a público talvez por medo", explica Fabiana Matheus, diretora de Administração e Finanças da Federação.

*Nome fictício para preservar a imagem da denunciante.

Fonte: Fenae

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