19 de Novembro de 2020 às 08:00
Imprensa
Na edição da última quarta-feira, dia 18, o jornal O Estado trouxe mais informações sobre o PDV da Caixa e como ele pode agravar ainda mais a situação da falta de bancários em Mato Grosso do Sul. A reportagem é de Michelly Perez, leia a reportagem na íntegra logo abaixo:
Os problemas de falta de funcionários nos bancos e demora no atendimento devem se agravar ainda mais no segmento. É que a Caixa Econômica Federal revelou, no início deste mês, a criação de um novo PDV (Programa de Demissão Voluntária) com a meta de adesão de 7,2 mil funcionários de todo o país. No entanto, para o jornal O Estado, o presidente da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal), Sergio Takemoto, destacou que teme que, mais uma vez, os trabalhadores fiquem sobrecarregados e que o atendimento ao público seja prejudicado.
Segundo a Caixa, as adesões estão abertas até o dia 20 e os desligamentos acontecerão entre 23 de novembro e 31 de dezembro. Os empregados que aderirem ao PDV receberão o incentivo financeiro equivalente a 9,5 remunerações-base. Entre os requisitos necessários para a adesão estão: os empregados que se aposentaram antes de 13 de novembro de 2019 (data em que entrou em vigor a Emenda Constitucional 103/2019, da reforma da Previdência, que prevê a extinção do vínculo empregatício de empregados de empresas públicas que se aposentarem a partir da vigência da emenda); os empregados que recebem adicional de incorporação; os empregados aptos a se aposentar até 31 de dezembro de 2020, que solicitem a aposentadoria ao INSS após 6 de novembro de 2020 e ter 15 anos ou mais de efetivo exercício na Caixa.
Em Campo Grande, o secretário de Relações Sindicais e Saúde do SEEBCG-MS (Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região), Everton José Gaeta Espindola, afirma que os atendimentos serão os mais prejudicados, além de destacar que a situação poderá ficar ainda pior, caso os números de contaminados pela COVID-19 aumentem.
“Já estamos com os atendimentos prejudicados em razão do grupo de risco, teletrabalho, as demissões compulsorias de aposentados após a reforma e junto com os desligamentos via PDV que ainda não é possível estimar uma quantidade de adesão, precisamos considerar também os trabalhadores afetados por contaminação que também, devem elevar com menos empregados. Se tivéssemos um horizonte de plena saúde, recuperação econômica a caixa seria um instrumento de politicas públicas eficiente, mas e se piorarmos em número de mortes, contaminação e resultados econômicos?”, frisou.
Para Sergio Takemoto, nesta pandemia a importância da Caixa ficou ainda mais evidente, pois os mais de 84 mil empregados fizeram um grande trabalho realizando o pagamento do auxílio emergencial para mais de 67 milhões de brasileiros. Trabalho esse que não foi feito pelos bancos privados, mas pelos empregados da Caixa, com toda expertise que possuem, atuam no pagamento com excelência. Mesmo assim, todo este trabalho, somado ao deficit de empregados na empresa, que chega a 17 mil trabalhadores, irá provocar uma perda na qualidade dos atendimentos.
“Isso tem um custo. Os empregados estão sobrecarregados. Apesar da pandemia, a Caixa continuou cobrando metas dos empregados e os trabalhadores estão sofrendo com a jornada de trabalho extensa. A pressão da Caixa está intensa e os trabalhadores estão adoecendo. Sem mais de 7 mil empregados e sem um posicionamento da Caixa de que haverá reposição teremos dois cenários: trabalhadores ainda mais cansados e doentes, e um atendimento à população totalmente prejudicado. Esse PDV é uma estratégia do presidente da Caixa, Pedro Guimarães, para facilitar a agenda de privatização das subsidiárias da Caixa, enfraquecer e diminuir o tamanho do banco”, explicou.
Questionado sobre as medidas que serão adotadas pela Caixa para minimizar os impactos que serão provocados com a perda de tantos funcionários, Takemoto ressalta que até o momento nenhuma ação foi anunciada. Ao mesmo tempo, outro tema que ganhou destaque após o anuncio do programa foi o ingresso dos candidatos aprovados no último concurso da Caixa em 2014. De acordo com o presidente da Fenae, até hoje, dos 30 mil aprovados do último concurso público, menos de 10% foram convocados, o que é de extrema importância, principalmente levando em conta a necessidade de atendimento durante a pandemia.
Para aqueles que optarem pela adesão, a Caixa informou que o Saúde Caixa, plano de saúde dos colaboradores, será mantido mediante o cumprimento de alguns requisitos. Sendo eles: o Saúde Caixa será mantido por prazo indeterminado para os empregados que se aposentaram durante o vínculo empregatício com a Caixa, até 13 de novembro de 2019.
Para os empregados que entraram na condição de aposentados e possuíam, na data do desligamento, 120 meses ou mais de contribuição ao plano; empregados que se aposentarem após o PDV – 6 de novembro – e com data de início anterior à data da rescisão do contrato de trabalho com a Caixa. Neste caso, a Carta de Concessão deve ser apresentada até 31 de agosto de 2022. Para os outros empregados da Caixa Econômica que não fazem parte dos grupos citados acima, o Saúde Caixa será mantido por 24 meses.
Link: https://sindicario.com.br/caixa-economica-federal/jornal-o-estado-destaca-pdv-da-caixa/