29 de Março de 2021 às 12:46

Pandemia agrava assédio e adoecimento dos bancários da Caixa

Saúde

O Brasil enfrenta hoje o período mais grave da pandemia do coronavírus desde seu início, em março de 2020. De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o Conass, no último final de semana, o país registrou 130.274 notificações de novos casos de Covid-19 e, em média, a morte de 106 brasileiros por hora. E, mesmo diante do agravamento, os bancários, em especial os da Caixa, seguem na linha de frente atendendo diariamente a população, principalmente, os que estão em busca do auxílio emergencial.

No ano de 2020, em todo o país, os empregados da Caixa atenderam 120 milhões de brasileiros durante o pagamento do benefício. Em MS, foram mais de 844 mil pagamentos referentes ao auxílio emergencial. E, a partir de abril, deve iniciar o pagamento do novo auxílio, voltando a sobrecarregar o trabalho dos empregados da Caixa.

“Além de estarem na linha de frente nas agências todos os dias com atendimentos e aglomerações, os bancários da Caixa também enfrentam a sobrecarga de trabalho por causa do déficit de funcionários. A falta de contratação se agravou durante a pandemia e o número de contratações anunciado ainda não é suficiente para garantir o fim de longos períodos de trabalho precarizado e agências lotadas”, ressalta a presidenta do SEEBCG-MS, Neide Rodrigues.

A Caixa chegou a ter 101,5 mil trabalhadores em 2014. Atualmente, conta com cerca de 80 mil empregados.  Depois de muita pressão e cobrança, a Caixa anunciou a contratação de 7,7 mil trabalhadores para o banco, sendo apenas 2.766 bancários. Porém, o número anunciado não supre o déficit de empregados, que chega a quase 20 mil trabalhadores.

 

“Os bancários sofrem porque, por um lado, nós temos o acúmulo de pessoas para entrar nas agências, seja requerendo seguro desemprego, auxílio emergencial ou fundo de garantia, e essas pessoas se acumulam fora e dentro da agência, e tem a possibilidade do vírus circular dentro desse local fechado e climatizado. Quando um colega cai adoecido, a gente só vê a substituição deste profissional, os demais continuam trabalhando como em um trabalho essencial. O problema é que não é considerado essencial quando buscamos que as vacinas cheguem logo a esses empregados que estão na linha de frente”, afirma o secretário de Relações Sindicais e Saúde e bancário da Caixa, Everton José Espindola.

Ainda de acordo com o dirigente, este é um dos piores momentos da Caixa, não pelos resultados ou pelo gigantismo enquanto instituição pública, mas pela má gestão quando se fala em cobrança por resultados.

“O que mais impressiona nesse momento é uma empresa pública manter a cobrança incisiva de metas e venda de produtos, enquanto nós temos um aumento considerável de desemprego no país e as pessoas voltando para a miséria. Os empregados, além da covid, também estão adoecendo psicologicamente, tentando sobreviver em meio à metas abusivas, cobranças excessivas, receio de perda de funções e de serem transferidos. Além disso, a Caixa fecha, em 31 de Março, seu primeiro ciclo de avaliação de gestão, desconsiderando o caos econômico, social e de saúde pública que estamos vivenciando. Um total desrespeito a quem a própria Caixa diz, serem 'Heróis de Crachá', relata.

Cobrança por mais rigor nos protocolos

De acordo com levantamento do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, pelo menos 40 bancários da Caixa morreram por Covid-19 em todo país. Uma pesquisa feita pela Associação de Gestores da Caixa Econômica Federal do Rio de Janeiro, que ouviu 900 funcionários, aponta que 70% da categoria afirmam que, durante a pandemia, trabalharam mais do que a jornada contratual e apenas 12% não tiveram sentimentos negativos, como ansiedade, depressão, angústia e pânico.

Desde a última semana, a Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa) voltou a cobrar mais rigor nos protocolos de saúde e segurança, com reforço da higienização em todas as unidades, retorno do rodízio nas agências, a ampliação de bancários no home office, foco no atendimento e não nas metas, além do fim do trabalho aos sábados e da suspensão de visitas externas à clientes

Lucro

O lucro líquido da Caixa foi de R$ 13,2 bilhões em 2020, 37,5% menor em relação a 2019. O resultado de R$ 5,7 bilhões do 4º trimestre representou um aumento de 200,0% em relação ao do 3º trimestre de 2020 (R$ 1,9 bilhão).

A análise do balanço do banco público, feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostra que a Caixa encerrou o ano de 2020 com 81.945 empregados, com fechamento de 2.611 postos de trabalho em doze meses, influenciado pelo Programa de Desligamento Voluntário (PDV) lançado em novembro. Em contrapartida, o banco registrou incremento de aproximadamente 42,6 milhões de novos clientes.

Agravamento da pandemia em MS

De acordo com o boletim epidemiológico do coronavírus, Mato Grosso do Sul traz 41 novas mortes por Covid-19 nesta segunda-feira (29), e acumula, só nos últimos sete dias, 312 vítimas fatais pela doença. Desde o início da pandemia, o Estado acumula 4.164 óbitos e 212,4 mil casos confirmados. 

Por: Assessoria de Comunicação do SEEBCG-MS

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