25 de Abril de 2013 às 09:45

Em painel sobre conjuntura, Dieese e Diap apontam cenário difícil para campanha dos bancários

CONGRESSOS

(Brasília) - Em preparação aos congressos distritais dos bancários e bancárias do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal – que ocorrem respectivamente nos dias 27 de abril e 4 de maio (dois sábados seguidos) –, o Sindicato realizou na noite desta terça-feira (23), em sua sede, um painel sobre conjuntura econômica e política com foco no cenário para a Campanha Nacional dos Bancários 2013. Durante o debate, que contou com ampla participação de trabalhadores e dirigentes sindicais, técnicos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) preveem dificuldades para a categoria neste ano.

Ao fazer uma breve análise dos governos Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma, o analista político e diretor de Documentação do Diap, Antônio Augusto de Queiroz, disse que o fundamental “é que nós estamos passando por um momento em que há uma disputa de posições. De um lado, o governo, e do outro, o mercado. Sendo que o governo desta vez está no caminho certo, porque está aliado ao setor produtivo, o que significa oportunidade de emprego e distribuição de renda, enquanto o mercado, especialmente o sistema financeiro, insiste em voltar a um passado de especulação, em que a população não se beneficia desse processo”.

Para o analista político, apesar da crise financeira internacional, o Brasil aumentou o emprego e a renda, ao contrário dos Estados Unidos e dos países europeus, que apresentam altas taxas de desemprego e dificuldades de recuperação de suas economias.

“Nosso país tem caminhado no sentido inverso da Europa e dos Estados Unidos. Parte desse êxito da economia brasileira deve-se ao fato de que o governo vem tomando uma série de medidas para garantir o aumento da renda e a pujança da economia: reajuste da tabela do Imposto de Renda, ampliação do aviso prévio, aumentos dos cursos profissionalizantes, criação do vale-cultura, isenção do IR para Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de até R$ 6 mil, sanção da PEC das domésticas, entre outras”, afirmou.

Cenário mais duro

Em relação à Campanha Nacional dos Bancários 2013, o diretor do Diap prevê um ano mais duro. “Vai haver pressão dos bancos para aumentar o spreed bancário (diferença entre a taxa de juros cobrada aos tomadores de crédito e a taxa de juros paga aos depositantes pelos bancos). Também será um ano de forte mobilização dos movimentos sociais”, destacou.

De acordo com Queiroz, que também é jornalista, os bancários incluíram em seu calendário de mobilização um programa de formação política capaz de compreender todas as nuances para fazer uma campanha salarial com resultados objetivos, “tanto do ponto de vista da formação, da consciência, da unidade dos trabalhadores quanto do ponto de vista do resultado financeiro, que é importante”.

No entanto, segundo o diretor de Documentação do Diap, “mais importante que o próprio resultado financeiro é a consciência do quanto foi difícil, do quanto foi pensado e exigido de conhecimento e dedicação para alcançar esse resultado”.

'Esperança, ousadia, unidade e mobilização'

Mediador da atividade, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro, observou que os bancários têm papel importante na campanha, “que é o de disputar renda e disputar reformas importantes, como a reforma política e a reforma tributária”.

O dirigente sindical também colocou como grande desafio o combate ao Projeto de Lei 4330/2004, de autoria do deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO), que amplia a terceirização e torna a precarização das relações trabalhistas um grande negócio. “É uma proposta que pode trazer muitos prejuízos aos trabalhadores”, acrescentou.

Na visão de Cordeiro, a campanha deste ano coloca novos desafios. “Precisamos continuar lutando por aumento real, por valorização do piso, mas também é essencial batalhar por distribuição de renda e pela não precarização das relações de trabalho”.

Por fim, Cordeiro pediu que os bancários e bancárias venham somar forças na Campanha Nacional dos Bancários 2013. “Neste ano, precisamos de esperança, ousadia, unidade e mobilização”.

Ao analisar o cenário econômico para 2013, o técnico do Dieese Pedro Tupinambá afirmou que o tema mais sensível para a Campanha Nacional dos Bancários deste ano será o emprego, principalmente nos bancos privados. “Diante das demissões em massa, o movimento sindical deve centrar forças nesse item”.

Em sua apresentação, Tupinambá lembrou a previsões para a macroeconomia: crescimento global sem perspectiva de recuperação no curto prazo, fraco desempenho da economia brasileira em 2012, mas com perspectiva de recuperação em 2013 diante das medidas de estímulo (redução dos juros, readequação cambial e desoneração tributária) e menor patamar histórico da taxa Selic. “No entanto, a trajetória de queda da taxa dependerá da inflação”, frisou.

O técnico do Dieese ainda apontou os desafios do movimento sindical: aumentar a participação da renda do trabalho (ganhos reais e emprego), reverter o processo de demissões nos bancos privados, incorporar os excluídos na dimensão do ramo financeiro (correspondentes bancários, lotéricos e cooperativários) e apontar contradições no discurso dos bancos sobre responsabilidade social (igualdade de oportunidades e práticas antissindicais).

Negociações coletivas

 Em relação às negociações coletivas, Tupinambá salientou que, no segundo semestre de 2012, 95% das 704 unidades de negociação analisadas pelo Dieese tiveram ganhos reais pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), com aumento médio real de 1,96%, ante 2,23% no segundo semestre de 2012, invertendo uma trajetória de períodos anteriores.

“Apesar do cenário, foi o melhor resultado da série histórica desde 1996 em termos de quantidade de reajustes acima da inflação, valor médio dos aumentos reais e por setores e regiões”, afirmou.

Envolvimento

Antes do início do painel, o presidente do Sindicato e da Central Única dos Trabalhadores de Brasília (CUT Brasília), Rodrigo Britto, saudou os presentes e disse que as duas entidades estarão ao lado dos bancários e bancárias. “Com unidade, mobilização e o apoio de todos os trabalhadores, certamente avançaremos em nossas conquistas. Depende da vontade e disposição de cada um de vocês”.

Diretor do Sindicato, Eduardo Araújo também agradeceu a presença dos bancários e bancárias em mais uma atividade organizada pelo Sindicato com o intuito de embasar a categoria para a Campanha Nacional dos Bancários 2013. “O sucesso da campanha depende necessariamente da participação e envolvimento de todos. Por isso, venha e convide seu colega para se juntar ao nosso movimento”.

Rodrigo Couto

Do Seeb Brasília

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