25 de Abril de 2024 às 15:36

Assassino da neta da ex-presidente do sindicato é condenado a 45 anos de prisão

Feminicídio

Após um ano do crime e 14 horas de julgamento, Messias Cordeiro de Lima, de 25 anos, foi condenado a 45 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato da ex-namorada Karolina Silva Pereira, aos 22 anos, e do colega de trabalho dela, Luan Roberto de Oliveira, aos 24 anos. O júri popular aconteceu nesta quarta-feira, dia 24 de abril, em Campo Grande. 

Karolina é neta da ex-presidente do SEEBCG-MS, Iaci Azamor Torres, a bancária aposentada do Banco do Brasil.

O réu foi sentenciado por feminicídio (22 anos), homicídio qualificado sem possibilidade de defesa (20 anos) e porte ilegal de arma de fogo (3 anos). Ele ainda terá de pagar multa estipulada em R$ 15 mil para cada família das vítimas.

A presidente do Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região, a bancária Neide Rodrigues, acompanhou parte do julgamento ao lado de Iaci. 

“Fui levar todo o apoio da categoria a Iaci. Foi importante estar ali e ver que a justiça foi feita, porque são muitos casos de feminicídios no nosso Estado e nem todas as famílias conseguem essa justiça. E que este caso sirva de alerta para as mulheres que sofrem violência, que busquem ajuda antes que seja tarde”, destacou Neide.

 

“Foi muito importante ter recebido esse apoio do meu sindicato, através da presença da Neide. Como matriarca da minha família, foi muito difícil acompanhar o julgamento e ver a minha nora sendo atacada, como se ela fosse a culpada da morte da própria filha. Temos muito que lutar ainda. Há muitas bancárias jovens e elas precisam se sentir apoiadas, para poderem falar o que estão passando em suas casas, em caso de violência. Somente assim vamos conseguir ter voz e lutar pelos nossos direitos”, comentou a bancária aposentada  Iaci Azamor Torres.

Justiça

A mãe de Karolina, Patrícia Silva, disse que a justiça foi feita, mas que seu sentimento foi de extrema tristeza pela forma que sua filha foi exposta pela defesa. 

“Conseguimos o que esperávamos: a pena máxima. Mas a forma que nossa filha foi exposta pela defesa, nos deixou muito abalados. Para tentar tirar as qualificadoras, eles (a defesa) atacaram não somente a minha filha, mas todas as mulheres. Aquilo me deixou muito triste. Mas, por outro lado, feliz por aquele promotor, que foi abençoado por Deus, ter mostrado quem era a nossa filha, a nossa família e poder mostrar a verdade”, disse a mãe de Karolina. 

Patrícia deixa um recado a todas as mulheres: ”Nunca aceite nada daquilo que lhe desqualifique como mulher. Jamais aceite um ‘não vá ou não fale nada com as suas amigas ou com a sua família’”, concluiu.

“É uma mistura de emoções. A gente sabe que nada vai trazer a Karolina de volta. Foi um dia de muita dor, mas fomos atendidos pela Justiça, com essa sentença de 45 anos. É uma pena que precisa ser cumprida em regime fechado, porque uma pessoa que comete um crime desse, é uma pessoa que não sabe viver em sociedade. Hoje a gente se sente um pouco mais leve”, comentou o padrasto de Karolina, Luiz Henrique.

Feminicídio

De acordo com dados da Sejusp/MS (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), em 2024, já foram registradas 14 ocorrências de feminicídio em Mato Grosso do Sul - 50% a mais que o mesmo período do ano passado (janeiro a abril). Em todo ano de 2023,  foram 30 feminicídios e mais de 20 mil ocorrências de violência doméstica contra mulheres.

“Os dados do nosso estado são alarmantes. As mulheres sul-mato-grossenses estão sofrendo violência e nós, como sindicato, precisamos acolher e ajudar essas vítimas que têm coragem de denunciar. Sabemos que este tipo de violência pode estar presente em todas as profissões e classes sociais”, ressalta a presidenta do sindicato, Neide Rodrigues. 

Para dar ainda mais apoio às vítimas da categoria bancária, o sindicato está em fase de implantação do projeto Basta! Não Irão Nos Calar!”. Esse programa vai oferecer acolhimento e atendimento jurídico gratuito para bancárias e dependentes vítimas de violência doméstica e de gênero. O projeto se espalhou por outros 12 sindicatos da categoria bancária, alcançando todas as regiões do Brasil, e já atendeu 400 mulheres.

A categoria bancária é referência na luta contra a violência doméstica e familiar. Em 2022, a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria resultou em uma série de avanços contra a violência e conta com cláusulas que garantem proteção às bancárias:

  • A empregada que for vítima de violência doméstica poderá pedir alteração de regime de trabalho; solicitar a realocação para outra dependência; e linha de crédito ou financiamento especial;

  • O banco pode oferecer alternância de horários de entrada e saída do expediente e criar grupo de apoio para discutir e sugerir medidas voltadas à prevenção da violência doméstica e familiar.

Por: Comunicação do SEEBCG-MS


 

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