11 de Julho de 2007 às 13:51
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(São Paulo) O Jornal Nacional levou ao ar na última quarta-feira, dia 4, matéria intitulada “Profissão perigo: perito do INSS” que relata supostas ameaças a peritos do INSS feitas por trabalhadores. Trata-se, além de um exemplo de mau jornalismo, de um ataque aos trabalhadores.
A matéria generaliza casos isolados e caracteriza os trabalhadores como fraudadores do INSS, o que está longe de ser verdade. “Os trabalhadores não são fraudadores, mas vítimas de más condições de trabalho”, diz Plínio Pavão, secretário de Saúde da Contraf-CUT. Ele lembra das dificuldades enfrentadas pelo trabalhador para conseguir seu benefício quando adoece. “A pessoa quer trabalhar, mas precisa estar saudável e ter um ambiente de trabalho decente”, sustenta.
Além disso, a matéria ignora um princípio básico de qualquer manual de jornalismo, sem mencionar os livros de ética profissional: ouvir os dois lados. Nenhuma associação de trabalhadores foi consultada. Apenas os peritos, autores do ataque, apareceram.
A Globo desconsiderou também que os trabalhadores estão sujeitos a ambientes cada vez mais insalubres, o que historicamente nunca foi motivo de preocupação para dos auditores que agora se dizem vítimas. Nunca foi realizada nenhuma ação efetiva para exigir que as empresas promovam a saúde de seus empregados.
Recentemente, houve conquistas importantes para os trabalhadores: a aprovação do Nexo Técnico Epidemiológico, que vai ajudar a revelar as causas das doenças profissionais de forma mais realista, e o Fator Acidentário de Previdência, que passará a valer em setembro.
Por conta disso, há movimentação de empresas buscando desqualificar essas bandeiras dos trabalhadores. Não parece ser coincidência que, justamente neste momento, uma matéria com esse teor seja veiculada no jornal de maior audiência no país. “Qual o papel da Rede Globo nessa campanha contra os direitos do trabalhador? É preciso perguntar a quem interessa essa reportagem”, questiona Plínio.
Fonte: Contraf-CUT