9 de Março de 2021 às 08:40
Dia Internacional da Mulher
A luta diária da mulher para conquistar sua liberdade e autonomia e para desenvolver a amorosidade consigo mesma. Essa foi uma das questões abordadas durante a palestra com a psicóloga Emmanuele Pereira, transmitida pela plataforma zoom na noite dessa segunda-feira, dia 8.
Com o tema “A sobrecarga emocional das obrigações da mulher nos dias de hoje e suas implicações para a saúde feminina”, o evento on-line foi uma realização dos Sindicatos dos Bancários de Campo Grande e de Dourados, em alusão ao Dia Internacional da Mulher.
Na abertura da palestra, a presidenta do SEEBCG-MS, Neide Rodrigues, falou sobre o aumento da violência contra as mulheres durante a pandemia e da importância da presença feminina na política. “Para elaborar as leis que contribuam para a igualdade, para a qualidade de vida da mulher, é necessário conhecer nossa realidade. Em Campo Grande, só temos uma vereadora e, na Assembleia Legislativa, nenhuma deputada. Nós precisamos ocupar esses espaços”, ressaltou a presidenta.
A diretora de Políticas Sindicais do Sindicato de Dourados, Ivanilde Fidelis, destacou os desafios da mulher para conciliar tarefas domésticas e profissionais durante a pandemia. “Temos que conciliar a vida particular, os filhos, a casa, o trabalho, e ainda lidar com as metas que são impostas pelo banco. Estamos sobrecarregadas, estressadas”, pontuou a dirigente sindical.
“É muito válido trazer essa discussão no Dia Internacional das Mulheres, é um dia de luta, e porque não lutar contra todos os vilões que nós mesmas aceitamos em nossas vidas, que dizem o que é para nós fazermos, vestirmos, falarmos ou sermos. A primeira pessoa que precisamos amar somos nós mesmas, porque se não nos amarmos não vamos conseguir amar o outro, cuidar do outro”, destacou a secretária geral da CUT/MS, Dilma Gomes, que também acompanhou a palestra.
Um dos temas abordados na palestra foi o esgotamento emocional. A psicóloga Emmanuele Pereira lembrou que, antes mesmo da pandemia, as bancárias já enfrentavam esse esgotamento, que geralmente ocorre quando a mulher segue cumprindo inúmeras tarefas, sem um posicionamento contrário para evitar discussões, seja com o gestor ou com o parceiro/familiar.
“Isso resulta, muitas vezes, em um grande nível de estresse, ansiedade. E a mulher achando que tem que dar conta de tudo é acometida com transtorno de ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático, síndrome de burnout”, relatou a especialista.
Na avaliação da psicóloga, uma das barreiras que precisa ser rompida para reduzir os riscos dessas doenças é a ideia de que a mulher é “multitarefas”. “Essa ideia é uma construção feminina em que somos ensinadas a ser esponja. Essa mulher é, muitas vezes, sobrecarregada. O correto é colocar cada um no seu quadrado, de maneira que haja um quadrado para você”, pontuou.
Outro ponto destacado durante a palestra é o autocuidado, adotando hábitos simples como caminhadas, momentos com amigas ou descanso. “Muitas vezes, nos colocamos na situação de sempre cuidar do outro. E porque não cuidar de nós mesmas? Refletir: o que estou disposta a fazer por mim mesma? O que me impede de fazer algo que me faz bem?”, destacou Emmanuele Pereira.
A psicóloga também falou sobre a necessidade do apoio entre as mulheres, a partir da desconstrução da cultura da rivalidade nos relacionamentos femininos. “O que a gente percebe desde criança é que a mulher precisa ser mais bonita, precisa ser melhor que a outra, enquanto o menino tem que ser parceiro do outro. Precisamos fazer uma reconfiguração, trocar a competição pela cooperação feminina”, afirmou.
Também foi exibido um vídeo que mostra como a sororidade, que representa um sentimento de união e amizade entre as mulheres, pode contribuir para a qualidade de vida das bancárias.
Diante do aumento da violência doméstica durante a pandemia, Emmanuele Pereira também reforçou a importância de acolher as mulheres que são vítimas deste tipo de crime.
“Para que essa mulher tenha coragem de tomar uma decisão que envolve pré-julgamentos muitas vezes dela com ela, podemos acolher e assim cooperar para que ela tome a decisão e para mostrar que ela pode ter uma vida, com liberdade, autonomia e direitos”, orientou.
No ano passado, o Comando Nacional dos Bancários conseguiu a inclusão de uma cláusula na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) que garante a criação de um canal de atendimento às vítimas de violência doméstica em todos os bancos. O recurso já foi implantado por algumas instituições financeiras, como o Bradesco.
Com sorteio de brindes e troca de experiências entre as bancárias, o evento on-line foi um momento de descontração e reflexão para as participantes.
Por: Adriana Queiroz/Assessoria de Comunicação do SEEBCG-MS
Link: https://sindicario.com.br/noticias-gerais/bancarias-debatem-autocuidado-e-sororidade-em-palestra-promovida-pelo-seebcg-ms/