25 de Janeiro de 2011 às 10:14
Apesar dos importantes avanços conquistados na Campanha Nacional 2010 – aumento real no piso e inclusão na Convenção Coletiva, pela primeira vez, de cláusula sobre assédio moral e segurança –, os bancários de bancos privados recém-contratados receberam, em média, no ano passado, salários 38% menores que os dos antigos. O dado expõe uma prática que vem sendo cada vez mais adotada pelas instituições financeiras particulares: demitir para depois recontratar com remuneração mais baixa. A conclusão é de levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que analisou informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego, de janeiro a novembro de 2010.
Mesmo com a equivocada estratégia dos bancos de reduzir a massa salarial dos bancários, o saldo de empregos foi positivo em 2010: 53.025 admissões contra 31.249 desligamentos. Nas regiões onde houve mais contratações também foram registrados mais desligamentos. Em primeiro lugar, aparece o Sudeste, com 36.330 admitidos e 21.636 demitidos. Em seguida, o Centro-Oeste, que teve 4.086 contratações e 2.134 desligamentos. No Distrito Federal, foram 1.643 admissões e 1.118 demissões.
O saldo positivo de empregos esconde uma prática adotada pelos bancos que desvaloriza o trabalhador: os novos são contratados com salários inferiores aos dos antigos. Do total de demissões (31.249), 49%% foram a pedido, seguido pelos desligamentos por demissão sem justa causa (42%). Os bancários desligados recebiam uma remuneração média de R$ 3.506, enquanto os proventos dos admitidos não passavam dos R$ 2.190.
Na contramão do rebaixamento dos salários, a categoria bancária conquistou reajuste no piso salarial de 16,33% (aumento real de 11,54%) e reajuste de 7,5% (aumento real de 3,08%) para quem ganha até R$ 5.250.
Trunfo
O bancário do Itaú Unibanco Raphael Brasileiro foi um dos que se beneficiaram com o acordo coletivo de 2010/2011. Contratado em 2008, Brasileiro teve seu piso reajustado bem acima da inflação. “O aumento do piso teve um impacto positivo direto no meu salário. Além disso, conseguimos aumento no auxílio-alimentação. Os sindicatos são o grande trunfo da categoria para conseguir melhores condições de trabalho e mais valorização”, afirma.
“Contratações e questões de valorização da categoria foram temas centrais da nossa campanha de 2010. Conseguimos fazer acordos com os bancos e avançar em alguns pontos, apesar de ainda não ser o ideal. Em 2011, ainda há muito para ser revisto pelos patrões”, observa Eduardo Araújo, presidente interino do Sindicato e funcionário do Banco do Brasil.
Confira, abaixo, quadro com o número de admitidos, desligados, remuneração média, saldo de emprego e diferença da remuneração média por região. Acesse aqui outros quadros e gráficos da pesquisa do Dieese.
Região do País | Admitidos | Part. % | Rem. Média (em R$) |
Desligados | Part. % | Rem. Média (em R$) |
Saldo | Dif.% da Rem. Média |
|
Norte | 1,690 | 3.19% | 1,542.89 | 831 | 2.66% | 2,634.11 | 859 | -41.43% | |
Nordeste | 3,995 | 7.53% | 1,722.11 | 2,600 | 8.32% | 2,960.50 | 1,395 | -41.83% | |
Sudeste | 36,330 | 68.51% | 2,383.90 | 21,636 | 69.24% | 3,679.11 | 14,694 | -35.20% | |
Sul | 6,924 | 13.06% | 1,887.27 | 4,048 | 12.95% | 3,330.00 | 2,876 | -43.33% | |
Centro-Oeste | 4,086 | 7.71% | 1,694.20 | 2,134 | 6.83% | 3,082.22 | 1,952 | -45.03% | |
Total | 53,025 | 100.00% | 2,189.24 | 31,249 | 100.00% | 3,505.55 | 21,776 | -37.55% | |
Fonte: M.T.E/CAGED | |||||||||
Elaboração: Subseção DIEESE - CONTRAF/CUT |
Fonte: Thaís Rohrer - Seeb Brasília
Link: https://sindicario.com.br/noticias-gerais/bancarios-recem-contratados-recebem-salarios-38-menores-que-os-dos-antigos-diz-dieese/