31 de Agosto de 2009 às 10:37

Bancos fecham 2.224 postos de trabalho no primeiro semestre

Os bancos que operam no Brasil fecharam 2.224 postos de trabalho no primeiro semestre de 2009 e estão usando a rotatividade para reduzir a média salarial dos bancários. É o que mostra estudo elaborado pela Contraf-CUT e pela Subseção do Dieese, que estão sendo divulgados trimestralmente a partir deste ano. As empresas financeiras desligaram 15.459 bancários, principalmente em razão das fusões, e contrataram 13.235 entre janeiro e junho. É uma inversão do que ocorreu no ano passado, quando houve um aumento de 8.754 novas vagas no mesmo período.
 

O levantamento sobre a evolução do emprego nos bancos toma por base dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego.
 

“Os bancos estão na contramão do movimento que a economia brasileira está seguindo. Enquanto os demais setores econômicos criaram 300 mil novos postos de trabalho no primeiro semestre com a retomada do crescimento, os bancos, que não sofreram nenhum impacto com a crise, estão fazendo o contrário”, critica Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. “Isso é ainda mais injustificável quando sabemos que o sistema financeiro foi o que apresentou a maior rentabilidade de toda a economia no primeiro semestre, quando os 21 maiores bancos somaram lucro líquido de R$ 14,3 bilhões.” 

 

Demissões se concentram nos maiores salários

Além da redução do emprego, está havendo também uma diminuição na remuneração média dos trabalhadores do sistema financeiro. Os desligados no primeiro semestre recebiam remuneração média de R$ 3.627,01. Já os contratados têm remuneração média de R$ 1.928,92, o que representa uma diferença de 46,82% — quase a metade.


Isso porque os desligamentos foram concentrados nos escalões hierárquicos superiores e as admissões ocorrem principalmente nos cargos iniciais da carreira. Esse movimento intensificou a tendência observada no mesmo período do ano passado, quando a diferença entre os salários médios dos bancários contratados e desligados foi de 38,02%.


O gráfico mostra a quantidade de admitidos, desligados e saldo de emprego por faixa salarial. Apenas até a faixa de 2,01 a 3 salários mínimos o saldo de emprego é positivo; a partir de 3 salários mínimos o saldo passa a

ser negativo. Esse é resultado de dois movimentos: o primeiro é de que as admissões estão concentradas na faixa de 2,01 a 3 salários

mínimos e os desligamentos estão distribuídos pelas faixas superiores de salário.

 
Demitidos com alta escolaridade

 
Com relação à escolaridade, o levantamento revela uma contradição com o discurso amplamente difundido pelas empresas sobre a necessidade e a urgência da crescente escolarização como fator de empregabilidade: a grande maioria dos desligados (59%) tem educação superior completa. “Ou seja, as empresas financeiras estão reduzindo custos com fechamento de postos de trabalho e ainda com a alta rotatividade da mão-de-obra, demitindo bancários com salários mais altos e contratando funcionários com remuneração inferior”, questiona Carlos Cordeiro. “Outra contradição é que os bancos exigem qualificação cada vez maior e forçam os bancários a custearem seu próprio aprimoramento acadêmico, mas a pesquisa mostra que as demissões estão atingindo principalmente os trabalhadores com maior escolaridade.”

 

Discriminadas, mulheres já entram recebendo menos


Na desagregação por gênero, a pesquisa mostra que a tendência de os afastamentos se concentrarem nos salários mais altos ocorre tanto com os bancários como com as bancárias. Mas reafirma outras pesquisas de que as mulheres continuam tendo remuneração inferior aos homens no sistema
financeiro nacional: 28,62% de diferença entre os admitidos e 33,24% entre os desligados.

 
Evolução do emprego nos bancos por região


Os dados por região mostram que a concentração do saldo negativo de postos de trabalho está localizada nas regiões sul e sudeste, onde se destaca o Estado de São Paulo, com um saldo negativo de 1.925 ocupações, ou 87% do total. “Esse é um indício forte de que o fechamento de postos de trabalho se deve principalmente aos processos de fusão do Itaú Unibanco e do Santander Real”, avalia Marcel Barros, secretário-geral da Contraf-CUT.


Em relação ao tipo de desligamento, a pesquisa mostra que 31,84% pediram demissão de seus empregos, 61,28% foram demitidos sem justa causa e 4,02% demitidos por justa causa. O alto índice de pedidos de demissão demonstra que o grande descontentamento da categoria com as pressões desumanas por metas.

Fonte: Contraf/CUT

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