15 de Julho de 2010 às 11:42
Os bancos que operam no Brasil criaram 2.840 novos postos de trabalho no primeiro trimestre de 2010, quando admitiram 11.053 trabalhadores e desligaram 8.213. Do ponto de vista salarial, no entanto, a remuneração média dos admitidos foi 37,85% inferior em relação à dos desligados (R$ 2.197,79 contra R$ 3.536,38). A disparidade maior é em relação às mulheres. As bancárias foram admitidas recebendo remuneração 32,71% inferior à dos homens (R$ 1.770,20 contra R$ 2.630,59).
Esses são alguns dos principais resultados da quinta edição da Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). As duas entidades realizam esse levantamento desde o ano passado, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
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O resultado relativo ao estoque de emprego entre janeiro e março de 2010 contrasta com os dados de 2009, quando os bancos fecharam 1.354 postos de trabalho naquele primeiro trimestre. E representa um crescimento de 95,2% em relação ao quarto trimestre do ano passado, período em que as instituições financeiras geraram 1.455 novos empregos.
"A geração de novos postos de trabalho no setor financeiro é uma ótima notícia para a categoria bancária, que na campanha nacional do ano passado tinha a defesa do emprego como uma de suas principais bandeiras", avalia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. "Em 2009 assinamos acordo com o Banco do Brasil e com a Caixa Federal assegurando a contratação de 15 mil novos trabalhadores. As consultas que estamos fazendo com os bancários indicam que o emprego será novamente uma das principais reivindicações na campanha deste ano."
Na comparação com outros segmentos da economia, no entanto, os dados do Caged mostram que o sistema financeiro foi um dos que menos gerou empregos no primeiro trimestre do ano: apenas 0,43% dos 657.259 novos postos de trabalho criados por toda a economia brasileira no período. O setor que criou mais vagas de trabalho foi o da construção civil, que apresentou um saldo positivo de 127.694 empregos (19,43% do total da economia), seguido do comércio e administração de imóveis, que produziu 95.198 novos postos de trabalho (14,48% do total).
Desligados se concentram na alta remuneração
A Região Sudeste apresentou o melhor desempenho, com a criação de 2.227 postos de trabalho, enquanto a Região Norte apresentou o menor resultado positivo (111), como mostra a tabela abaixo.
Admitidos, desligados, remuneração média, saldo de emprego e diferença da remuneração média por Região do País Brasil - Janeiro a Março de 2010 |
||||||
Região |
Admitidos |
Rem. Média (em R$) |
Desligados |
Rem. Média (em R$) |
Saldo |
Dif. % da Rem. Média Admitidos e Desligados |
Norte |
320 |
1.371,52 |
209 |
2.615,89 |
111 |
-47,57% |
Nordeste |
830 |
1.639,09 |
679 |
2.943,79 |
151 |
-44,32% |
Sudeste |
8.023 |
2.379,78 |
5.796 |
3.680,09 |
2.227 |
-35,33% |
Sul |
1.248 |
1.870,67 |
1.056 |
3.485,90 |
192 |
-46,34% |
Centro-Oeste |
632 |
1.685,54 |
473 |
3.145,52 |
159 |
-46,41% |
Total |
11.053 |
2.197,79 |
8.213 |
3.536,38 |
2.840 |
-37,85% |
Fonte: MTE/Caged Elaboração: DIEESE - Subseção CONTRAF-CUT |
A partir daí, todas as faixas apresentam saldo negativo de emprego, com destaque para o segmento de 5,01 a 7,0 salários mínimos, onde houve a diminuição de 1.293 postos de trabalho. Esse movimento deve-se ao fato de a grande maioria das admissões (55,8%) estar concentrada na faixa de 2 até 3 salários mínimos, enquanto os desligamentos se distribuírem pelas faixas superiores de remuneração, como mostra o gráfico abaixo. Com isso, a remuneração média de quem é admitido (R$ 2.197,79) é 37,85% inferior à média salarial dos desligados (R$ 3.536,38).
Clique aqui para acessar o gráfico.
"Esses dados demonstram que os bancos estão usando a alta rotatividade da mão-de-obra para reduzir custos, demitindo bancários com salários mais altos para substituí-los por trabalhadores com remuneração inferior", afirma o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro. "Isso é inadmissível se considerarmos que os bancos continuam aumentando sem parar a sua lucratividade e que apenas os cinco maiores bancos apresentaram lucro líquido de R$ 9,5 bilhões no primeiro trimestre do ano."
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Maioria entre admitidos, mulheres ganham menos
Na desagregação por gênero, a pesquisa Contraf-CUT/Dieese mostram que o saldo do emprego bancário no primeiro trimestre de 2010 é favorável às mulheres, com 1.767, enquanto para os homens o saldo foi de 1.073. Percentualmente, os homens representaram 49,7% das admissões e 53,82% dos desligamentos, enquanto a participação feminina correspondeu, respectivamente, a 50,3% das admissões e 46,18% dos desligamentos. Confira na tabela abaixo
Admitidos, desligados, remuneração média, saldo de emprego e diferença da remuneração média por gênero Brasil - Janeiro a Março de 2010 |
||||||||
Gênero |
Admitidos |
Part. % |
Rem. Média (em R$) |
Desligados |
Part. % |
Rem. Média (em R$) |
Saldo |
Dif. % da Rem. Média |
Masculino |
5.493 |
49,70% |
2.630,59 |
4.420 |
53,82% |
4.112,04 |
1.073 |
-36,03% |
Feminino |
5.560 |
50,30% |
1.770,20 |
3.793 |
46,18% |
2.865,56 |
1.767 |
-38,23% |
Total |
11.053 |
100,00% |
2.197,79 |
8.213 |
100,00% |
3.536,38 |
2.840 |
-37,85% |
Fonte: MTE/Caged Elaboração: Dieese - Subseção Contraf-CUT |
No entanto, a remuneração média das mulheres bancárias é inferior à dos homens, tanto nas admissões como nos desligamentos. As trabalhadoras desligadas saíram do banco com rendimento médio de R$ 2.865,56, valor 30,31% inferior ao auferido pelos homens, R$ 4.112,04. Já a mão-de-obra feminina admitida entra no banco recebendo uma remuneração média de R$ 1.770,20, enquanto os admitidos do sexo masculino recebem o equivalente a R$ 2.630,59; correspondendo a uma diferença de 32,71%, como revela a tabela abaixo. Nas contratações realizadas no primeiro trimestre de 2010 houve, portanto, aumento da distância entre salários médios masculinos e femininos.
Rem. Média dos admitidos e desligados por gênero |
|||
Rem. Média (em R$) |
Masculino |
Feminino |
Dif % da Rem. Média |
Admitidos |
2.630,59 |
1.770,20 |
-32,71% |
Desligados |
4.112,04 |
2.865,56 |
-30,31% |
Fonte: MTE/Caged Elaboração: Dieese - Subseção Contraf-CUT |
"A remuneração inferior das mulheres comprova a discriminação que existe na categoria, o que tem sido objeto de denúncia do movimento sindical e reforça a necessidade de avançarmos na igualdade de oportunidades, uma das principais reivindicações das campanhas dos bancários nos últimos anos", conclui Carlos Cordeiro.
Fonte: Contraf-CUT
Link: https://sindicario.com.br/noticias-gerais/bancos-geram-2840-novos-postos-de-trabalho-no-primeiro-trimestre-de-2010/