25 de Novembro de 2008 às 11:52

Bancos médios recebem, mas demitem

Instituições dobram dispensas, apesar de medidas para garantir liquidez

A principal engrenagem da economia, os empregos, pode estar injustamente ameaçada pela crise. Embora o governo federal tenha tomado medidas para garantir a injeção de bilhões na economia, pouco se fez, até agora, para preservar o emprego e a renda do trabalhador. Só com a mudança no recolhimento do compulsório para os bancos, foram disponibilizados R$ 56 bilhões com o objetivo de manter a oferta de crédito e a economia aquecida.
 
Parte desse dinheiro deve ser utilizado pelas grandes instituições financeiras para adquirir as carteiras dos bancos médios, que estão em maior dificuldade, de forma que o crédito chegasse aos cidadãos.
 
Até aí, tudo certo, não fosse por um detalhe fundamental: os recursos foram liberados sem qualquer contrapartida social. As demissões nos bancos menores, por exemplo, que atuam principalmente na área de Crédito Direto ao Consumidor, subiram 104% em dois meses. Em setembro, foram homologadas 159 demissões no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Em outubro, mais 324. Neste mês, o ritmo continua elevado: até o dia 14, já eram 225 os demitidos. No ano passado, em setembro e outubro, foram registradas 222 dispensas no total. E o número de demissões pode ser ainda maior, já que só são feitas nos sindicatos as homologações de trabalhadores com mais de um ano de casa.
 
Estima-se que um universo de 50 bancos médios empregue cerca de 20 mil bancários, dentre os 120 mil que atuam em São Paulo, Osasco e região.
 
“O emprego é estratégico para o país. Nessas horas, as leis trabalhistas inibem o que poderia ser ainda pior”, diz Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato paulistano.
 
Além de defender uma legislação que garanta a ampliação de empregos e direitos, durante a marcha dos trabalhadores a Brasília, no dia 3 de dezembro, bancários e outras categorias vão reivindicar do presidente Lula que o governo exija contrapartidas sociais de bancos e empresas que se utilizam dos recursos liberados para conter a crise do crédito. “É inaceitável que os bancos usufruam das ações do governo para garantir seus ganhos e não tenham nenhuma responsabilidade com o emprego”, reitera Marcolino.
 
Medidas – Além exigir do governo medidas que garantam os empregos, o Sindicato vai procurar senadores e deputados e cobrar dos bancos a suspensão das demissões e a prioridade de recontratação dos trabalhadores já dispensados. “Os bancários devem denunciar ao Sindicato os movimentos de demissão, para que possamos procurar os bancos para negociar”, destaca Marcolino.
 

Gisele Coutinho, do Seeb/SP, com Agência Brasil
 

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