Em ato unitário das centrais sindicais realizado na manhã de segunda-feira (14) em São Paulo/SP, o presidente nacional da CUT, Artur Henrique, alertou para a necessidade de “colocar o Brasil em movimento num grande Dia Nacional de Luta, que afirme a pauta positiva dos trabalhadores e trabalhadoras”.
As centrais decidiram realizar paralisações em diferentes setores de atividades e mobilizações de rua, por todo o Brasil no dia 28 de maio, já batizado de Dia Nacional de Lutas e Mobilizações pela Redução da Jornada de Trabalho sem Redução de Salários e pela Ratificação da 151 e 158. “Vamos organizar paralisações de uma hora, atraso na entrada dos turnos, mobilizações na porta de fábricas e empresas, panfletagem. Nosso objetivo é chamar a atenção da sociedade e pressionar o Congresso pela nossa agenda, a agenda da classe trabalhadora”, afirmou Artur.
De acordo com o presidente cutista, “o País vive um momento de crescimento econômico que precisa se converter cada vez mais em desenvolvimento sustentável, com valorização do trabalho, geração de emprego e renda”. Por isso, sublinhou, “condenamos o aumento na taxa de juros, como está sendo proposto pelo Banco Central, porque o País precisa de mais produção e mais consumo. Uma elevação da taxa de juros no Brasil, no mesmo momento em que os Estados Unidos reduzem as suas, seria um contra-senso, serviria apenas para inundar o País de capital especulativo e retrair a atividade econômica, com impactos negativos no salário e no emprego”.
Para Artur Henrique, “como as centrais já afirmaram, há necessidade de ampliar o Conselho Monetário Nacional (CMN), a fim de democratizá-lo e garantir vez e voz aos trabalhadores nas decisões da política macroeconômica”.
O dirigente cutista citou as experiências positivas do setor metalúrgico e químico que vêm realizando assembléias e colocando pressão desde a base, construindo paralisações e manifestações que fortalecem a luta mais geral da classe. Além da redução da jornada de trabalho sem redução de salário, a ratificação pelo Congresso Nacional das Convenções 151 (direito de negociação coletiva dos funcionários públicos) e 158 (contra a demissão imotivada) da Organização Internacional do Trabalho, acrescentou Artur, será um importante passo para garantir melhores condições de vida e trabalho, combatendo a precarização. “Trabalhador unido, jamais será vencido”, foi a resposta do plenário.
Em nome da Federação Estadual dos Metalúrgicos, o secretário-geral da CUT/SP, Adi dos Santos Lima, ressaltou que “é preciso arregaçar as mangas e ir às ruas em defesa da jornada legal de 40 horas semanais”.
28 de Maio – De forma unificada, as centrais escolheram o 28 de Maio como Dia Nacional de Lutas e Mobilizações destacando que “a hora é agora; reduzir a jornada é gerar empregos”.
No manifesto de convocação do 28 de Maio, as centrais esclarecem que “a luta dos trabalhadores pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários é histórica e torna-se mais efetiva, com maiores possibilidades de vitória, quando travada nos momentos, como o atual, de crescimento da economia e dos salários, quando as empresas prosperam. Aliada à necessária redução da taxa de juros, será uma importante medida para a geração e distribuição democrática da renda e para o desenvolvimento do País”.
O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e do Sindicato Estadual dos Trabalhadores em Processamento de Dados (Sindpd), Antonio Neto, citou o estudo do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos e Estatíticas (Dieese), que comprova que a redução para 40 horas semanais pode gerar mais de dois milhões de novos empregos. Neto propôs uma ação mais contundente do movimento sindical contra as terceirizações, “que são sinônimo de precarização de salário, de trabalho e de dignidade”, acrescentando que “a unidade das centrais abre espaço para novas vitórias”.
A luta pela redução dos juros, esclareceu o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, “é para impedir que se inverta a tendência de gerar empregos, pois juros maiores estimulam a especulação, com o empresário colocando dinheiro no banco, não na produção”. Paulinho reiterou a necessidade de se fortalecer a convocação para o dia 28 de maio com assembléias por categorias, onde o trabalhador decida a forma como vai participar, lembrando da importância do apoio dos metroviários e condutores de São Paulo, que ao paralisarem algumas horas contra a Emenda 3 contribuíram para colocar o tema no noticiário.
Também condenando as ameaças do Banco Central, o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, recordou que “toda vez que o País cresce, o Copom ameaça aumentar o juro em nome da estabilidade”. “Nossa unidade tem gerado várias vitórias: as convenções 151 e 158 estão na mesa, a redução da jornada, o reconhecimento das centrais. Tem a mais alta importância que este movimento continue unificado, com uma pauta única para que continuemos avançando”, frisou Wagner, que também preside o Sindicato dos Metroviários de São Paulo.
Para o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, Ricardo Patah, “a unidade tem garantido grandes e efetivas conquistas para os trabalhadores, trazendo mais dignidade e inclusão social”. Apostando neste caminho, enfatizou, “devemos aproveitar que temos um campo fértil, com crescimento econômico e da atividade industrial, de geração de empregos formais, de elevação salarial, para reduzir a jornada de trabalho sem redução de salário”.
Na avaliação do presidente estadual da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) e do Sindicato dos Condutores de São Paulo, Luiz Gonçalves, o fato de quase 100% das categorias terem conseguido aumento real de salário demonstra que ao lado das centrais, “os trabalhadores têm trilhado um rumo, que precisa ser reafirmado para garantir a redução da jornada e empregos de qualidade”. Luizinho disse que, “assim como paramos o transporte na luta contra a Emenda 3, voltaremos a parar novamente pela redução da jornada”.
Representando o Dieese, Ademir Figueiredo destacou os perversos efeitos provocados pela extenuante jornada de trabalho, que “além da fadiga e das doenças, provoca acidentes”. "É preciso pensar além do efeito monetário, os perversos impactos sobre o processo de trabalho, ditado pelos interesses do capital. O trabalhador brasileiro mora distante, o que acaba aumentando em muito a média de deslocamento, principalmente nos grandes centros e a redução da jornada vai ajudar a civilizar a sociedade”, declarou.
CUT