21 de Novembro de 2008 às 12:32
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Com a compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, os cinco maiores grupos empresariais do setor financeiro vão responder por 86% das 18,7 mil agências bancárias em funcionamento no Brasil. Isso significa que, a partir de agora, quase nove em cada dez agências serão mantidas por BB-Nossa Caixa, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco ou Santander-Real.
Se não fossem os últimos negócios envolvendo BB, Nossa Caixa, Unibanco, Itaú, Santander e ABN, essa proporção estaria em 70%.
A estimativa foi feita a partir de levantamento do BC sobre o número de agências administradas pelas instituições que atuam no País.
Os dados se referem ao final de junho, quando foram fechados os balanços do primeiro semestre, e não consideram a possibilidade de algumas agências serem fechadas após concluída a fusão entre os bancos.
Os números do primeiro semestre também mostram que os cinco maiores bancos do país responderam por 79% da arrecadação de tarifas bancárias ocorrida no período. Esse valor é proporcional à concentração observada nos depósitos bancários, já que 79% dos saldos mantidos em aplicações como contas correntes, poupança e CDBs estão nessas mesmas cinco instituições.
Para Ione Amorim, economista do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), a compra da Nossa Caixa pelo BB não deve se traduzir em benefícios ao cliente.
Ela afirma que as filas nas agências podem crescer com a fusão dos bancos, já que a tendência é que alguns pontos de atendimento sejam fechados. “Pode não ser de imediato, mas à medida que vai se consolidando [a fusão], a tendência é ocorrer uma redução [no número de agências]”, diz.
A economista ressalta ainda que os clientes dos dois bancos devem verificar qual tabela de tarifas e taxas de juros prevalecerá após a fusão, já que cada instituição pratica um preço diferente por seus serviços e não necessariamente as taxas mais baixas serão aquelas adotadas pelo novo banco.
Na outra ponta, os bancos argumentam que a concentração trará benefícios aos clientes. Na avaliação do vice-presidente-executivo do Itaú, Sérgio Werlang, bancos fortes podem ser mais agressivos para atrair e manter a clientela.
No exterior – No exterior, a crise elevou a concentração bancária. As grandes aquisições ficaram concentradas nos EUA (onde há mais de oito mil instituições, ante cerca de 150 no Brasil), mas também ocorreram na Europa, como na compra de parte do belga-holandês Fortis pelo francês BNP Paribas.
O JPMorgan Chase foi um dos que mais aproveitaram a crise para crescer, adquirindo, em setembro, o Washington Mutual (que era o sexto) e, em março, o Bear Stearns.
Já o rival Bank of America comprou em setembro o Merrill Lynch -dois meses antes, já havia levado o Countrywide Financial. O Wells Fargo (o quinto maior) adquiriu no mês passado o Wachovia, que era o quarto em número de ativos.
Folha de S.Paulo