30 de Março de 2021 às 12:01
Empresas públicas
Divulgação/Fenae
Diante de um cenário de interferências do Executivo, troca de presidentes e incertezas sobre o futuro, as maiores estatais brasileiras de economia mista perderam quase R$ 100 bilhões em valor de mercado em 2021. É o que revela um levantamento realizado pela Economática - empresa de informações financeiras sobre o mercado latino-americano, divulgado pelo G1 neste sábado (27).
Somente neste ano, o Banco do Brasil perdeu R$ 26, 1 bilhões, o que representa queda de 30,8% no seu valor de mercado. A queda das ações da Eletrobras na Bolsa de Valores foi de 8,5%, o que significa uma perda de R$ 4,5 bilhões para a estatal.
Em valores, a perda da Petrobras foi maior – R$ 68,6 bilhões – uma queda de 22,5%, enquanto as petrolíferas internacionais concorrentes como Shell e Chevron se valorizaram no período.
Os prejuízos para as empresas acontecem em meio a interferências do Governo Bolsonaro. No dia 18 de março, depois de muita pressão do governo, o presidente do Banco do Brasil pediu demissão do cargo.
Em fevereiro deste ano, o chefe do Executivo substituiu o então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna – uma tentativa de intervir na política de preço dos combustíveis.
A mesma reação do mercado se repetiu na Eletrobras. Dias depois de Bolsonaro afirmar que iria “meter o dedo na energia elétrica”, as ações da companhia despencaram. O presidente da estatal, Wilson Ferreira Junior, pediu demissão no final de janeiro. Ele foi substituído pelo então secretário do Ministério de Minas e Energia, Rodrigo Limp.
Na opinião do economista Sérgio Mendonça, as interferências do Governo são contraditórias. Ao mesmo tempo que precisa cumprir a agenda liberal para agradar o mercado que o elegeu, o impacto negativo do aumento dos combustíveis prejudica sua popularidade. “Se deixar o preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha subir, a popularidade de Bolsonaro, que já é negativa, cai ainda mais. Então eles precisam intervir. Foi o caso desse desespero de Bolsonaro na troca do comando da Petrobras”, avaliou. “Em um governo obcecado pelo liberalismo, inclusive por um liberalismo arcaico, como o do Paulo Guedes, qualquer tipo de atuação de um governo que precisa se manter no poder politicamente causa uma turbulência no mercado”, analisou o economista.
Governança fragilizada/ Privatização - O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto, avalia que a ingerência do Governo fragiliza a governança das estatais. “Pelas boas práticas de governança, as nomeações devem ser avaliadas pelo Conselho de Administração da empresa. Mas Bolsonaro mistura questões ideológicas e políticas na condução das estatais”, opina.
Com as ações deliberadas do governo e da direção da Caixa para agradar o mercado, a preocupação de Takemoto é que a abertura de capital das subsidiárias pode ser acelerada. Estão na mira a Caixa Seguridade, loterias, gestão de ativos, cartões e de uma nova subsidiária para onde serão transferidas as principais operações do banco.
Fonte: Fenae
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