A 27ª Conferência Nacional continua suas atividades neste sábado (23) e segue até a tarde de domingo (24), quando serão aprovadas as resoluções e o plano de lutas da categoria bancária para o próximo período.
23 de Agosto de 2025 às 08:38
Movimento Sindical
“O Brasil está aqui, de norte a sul, representado e unido. Essa militância construiu uma história bonita e de resistência. É muito importante estarmos juntos hoje, para debater o futuro que queremos — e o futuro começa agora”. Com essas palavras, a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e vice-presidenta da CUT Brasil, Juvandia Moreira, abriu oficialmente, na noite desta sexta-feira (22), a 27ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada em São Paulo.
O encontro, que vai até domingo (24), reúne delegados e delegadas de todo o país para discutir não apenas as pautas da categoria, como a defesa do emprego e a regulamentação do sistema financeiro, mas também os grandes temas nacionais, como a soberania do Brasil, o combate ao fascismo e a construção de uma economia socialmente sustentável.
A delegação do SEEBCG-MS participou da solenidade de abertura, através dos dirigentes sindicais e bancários: Neide Rodrigues, José dos Santos Brito, Rubens Jorge Alencar, Vicente Cleber Aires Rodrigues, Marcley Telles, Patrícia Soares, Everton Espíndola e Luciana Rodrigues.
Juvandia ressaltou que bancárias e bancários sempre estiveram na linha de frente das lutas sociais e políticas do país. “Nós ajudamos a criar centrais sindicais, partidos de esquerda e sempre pensamos no futuro que a gente queria. Agora, é urgente que lutemos para preservar e garantir os direitos da classe trabalhadora, por um sistema fiscal justo e social e contra o fascismo, que corrói as instituições e espalha ódio e mentiras por todo o país”, afirmou.
Ela lembrou ainda que a categoria esteve presente nos momentos mais difíceis da democracia. “Desde o golpe que tirou a presidenta Dilma, para implementar um projeto de entrega do patrimônio brasileiro e que culminou no fascismo, a gente estava aqui: lutando, resistindo, brigando por esse Brasil. Por isso, é muito importante estarmos aqui hoje, juntos, unidos.”
A dirigente destacou os riscos atuais à soberania nacional. “A gente está num momento em que a soberania está sendo atacada. Nunca antes na história do país nós sofremos com esses riscos. O Trump não está defendendo a família Bolsonaro, ele está defendendo as empresas norte-americanas. Ele se sente ameaçado por coisas como o Pix, que deve ser modelo internacional e ameaça empresas americanas. Fazer a conferência neste momento é muito importante.”
Outro ponto abordado por Juvandia foi a necessidade de regulamentar o sistema financeiro. Ela criticou a atuação de Campos Neto à frente do Banco Central, que, segundo ela, atendeu a interesses privados, especialmente do Nubank. “Ele desregulou o sistema com a criação das fintechs. Essa transferência dele não foi negociada agora. Foi lá atrás, quando ele assumiu o cargo, porque beneficiou muito a empresa.”
Juvandia também ressaltou a mobilização popular. “É um momento extremamente importante. No dia 7 de setembro, nós temos que tomar as ruas desse país para defender a soberania, para defender o Brasil, para defender o povo brasileiro. Nós temos aqui militantes, homens e mulheres que fazem a diferença desse país. Nós temos que ter orgulho da nossa história. Nós temos que continuar essa luta, pois nós somos o Brasil que trabalha, que produz e desenvolve este país.”
A presidenta da Contraf-CUT reforçou ainda o chamado conjunto da CUT, das centrais sindicais, da Frente Brasil Popular, da Frente Povo Sem Medo e do Grito dos Excluídos. “É urgente gritarmos por direitos da classe trabalhadora, por uma economia social sustentável, por um sistema fiscal justo. Nós precisamos combater o fascismo, porque o fascismo corrói e vai se espalhando pelo Brasil. Eles não querem leis, porque querem espalhar ódio e mentiras sem punições.”
Por fim, ela destacou o papel central da Conferência Nacional. “A Conferência é o espaço máximo de deliberação da categoria, no qual são aprovadas as estratégias de mobilização e negociação para o próximo período. Nós temos que debater os principais assuntos da nossa categoria, mas também os principais assuntos do nosso país, pois nós somos o Brasil que trabalha, o Brasil que produz e desenvolve este país.”
Até domingo, serão realizados debates, grupos de trabalho e plenárias para definir o plano de lutas que guiará a Campanha Nacional dos Bancários.
Convidado para a abertura da conferência, Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego do Governo Lula, iniciou sua fala parabenizando o movimento sindical bancário pelo exemplo de organização. “Vocês foram construindo, ao longo das décadas, um sistema de representação e negociação muito completo. Há muitas categorias igualmente organizadas, mas nenhuma de forma nacional. Vocês souberam aproveitar esse processo, e é isso que nós esperamos que os trabalhadores façam: se organizem nacionalmente e internacionalmente”, saudou.
Após o reconhecimento à categoria bancária, Marinho afirmou que o momento atual é complexo, resultado dos retrocessos após o golpe contra a presidenta Dilma. “Retrocessos que incluíram a descontinuidade de muitas políticas públicas e o enfraquecimento do movimento sindical brasileiro. Apesar da resistência liderada por Lula e de sua eleição em 2022, nossos desafios não terminaram”, afirmou. “Nossa resistência é mais necessária do que nunca agora, para dar continuidade à defesa da nossa soberania, da nossa democracia e do sonho do povo brasileiro”, acrescentou.
O ministro também abordou os impactos do tarifaço imposto por Trump na economia brasileira, ressaltando que o Governo Lula tem atuado para solucionar os problemas da produção nacional e colocar crédito à disposição das empresas, de modo a garantir empregos e abrir novos mercados. “O Brasil já foi 25% dependente do mercado norte-americano. Hoje, a dependência é de 12%. O que aconteceu é que nós abrimos muitos outros mercados. Nesses dois anos e sete meses de governo, abrimos 400 novos mercados”, informou.
Marinho falou ainda sobre o mercado de trabalho brasileiro, sublinhando a necessidade de o movimento sindical estar preparado para debater os impactos da pejotização. “A pejotização é mais grave que a terceirização, porque ela pode destruir a Previdência Social e o Fundo de Garantia (FGTS). E o FGTS é o responsável por financiar políticas públicas importantes, como o Minha Casa, Minha Vida, e também investimentos em projetos de desenvolvimento do país. Com a pejotização, não haverá recursos para o BNDES trabalhar, da mesma forma que para o Sistema S”, alertou.
“Diante de tudo isso, o nosso desafio é olhar para essa conjuntura e saber que os nossos resultados passam pelas urnas. Conduzir Lula à presidência não foi suficiente diante da armadilha que temos no Congresso Nacional, que sequestrou e se apropriou de mais de 50% do orçamento brasileiro. Por isso, precisamos estar comprometidos com a mudança na Câmara e no Senado na próxima eleição. Pois vencer a disputa no Congresso Nacional significa dar condições de Lula fazer o melhor governo da história”, avaliou Marinho.
“Trago esses temas para dizer: vamos acreditar no Brasil, vamos defender nossa soberania e fortalecer a nossa democracia. Vamos fazer o debate político, pois é por essa via que podemos transformar o nosso município, nosso estado e o nosso país”, finalizou.
A 27ª Conferência Nacional continua suas atividades neste sábado (23) e segue até a tarde de domingo (24), quando serão aprovadas as resoluções e o plano de lutas da categoria bancária para o próximo período.
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