31 de Agosto de 2023 às 16:32
Congresso da UNI Global Union
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) participou de forma bastante intensa do 6º Congresso da UNI Global Union, na Filadélfia, Estados Unidos. O evento foi aberto no domingo (27) e se encerrou nesta quarta-feira (30).
A presidente do Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região, Neide Rodrigues, integrou a delegação da Contraf-CUT, que é uma das maiores entidades filiadas à Global Union.
O encontro, com o lema Rising Together (“Levantando Juntos”, em tradução livre), reuniu mais de 1,2 mil líderes sindicais de 150 países, para debates sobre como ampliar a articulação global pelo fortalecimento sindical. Os eixos centrais foram organização e negociação coletiva, economia global inclusiva, direitos humanos, democracia e justiça racial, crise climática e saúde e segurança.
Na pauta, destacaram-se ainda temas como igualdade para mulheres; combate à desigualdade, ao racismo e a qualquer forma de discriminação; defesa da previdência pública e de empregos dignos na era digital; direitos dos jovens; paz mundial e sociedade ambientalmente responsável. Também foram definidas a pauta de luta e a nova diretoria da UNI Global Union, que terá o australiano Gerard Dwyer como presidente para o próximo período de quatro anos.
A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, destacou a relevância da temática abordada nos painéis, fundamental para a classe trabalhadora sob a perspectiva de sua mobilização mundial. “O Congresso tinha como lema levantar juntos, ou seja, lutar por democracia, distribuição de renda, combate a todos os tipos de desigualdade de gênero, raça, orientação sexual; por uma economia verde, preservando o meio ambiente”, disse. No balanço, a dirigente ressaltou que o encontro internacional permitiu às organizações sindicais dos vários países perceber que “os problemas da classe trabalhadora são iguais e que temos que nos unir globalmente para combatê-los.”
Para o secretário-geral, Gustavo Tabatinga, o protagonismo dos bancários no evento, representado pela Contraf-CUT, foi uma reafirmação da postura da categoria brasileira de que “os bancos devem assumir responsabilidades sociais na alocação de seus recursos”. Para ele, “não é viável que eles continuem a financiar, por exemplo, a devastação em curso na Amazônia, ou as alterações climáticas resultantes da queima de combustíveis fósseis”.
Gustavo também ressaltou que a Contraf-CUT teve uma contribuição significativa ao debater as profundas transformações que o capital e as instituições bancárias têm promovido no âmbito da digitalização de suas transações e atividades financeiras.
A abertura foi marcada pela participação de diversas lideranças sindicais dos Estados Unidos e do Canadá, autoridades políticas, como o prefeito da cidade da Filadélfia, Jim Kenney, e do então presidente da UNI Global Union, Rubén Cortina. “Assumimos o compromisso de continuar avançando com nossos afiliados – organizando, sindicalizando, assinando acordos globais e permanecendo em solidariedade por um mundo melhor”, garantiu Cortina, na cerimônia.
O destaque do dia foi a fala do senador estadunidense, pelo estado de Vermont, Bernie Sanders, uma das vozes progressistas mais influentes do país norte-americano. “A democracia é quando cada pessoa vale um voto, não quando multimilionários compram e corrompem a política. Quando a concentração da propriedade e da renda é extrema, tudo corre perigo”, disse o político. “Com toda a riqueza que existe, não é aceitável que tão poucos tenham tanto e tantos tenham tão pouco – e é o movimento sindical que vai promover a mudança”, concluiu Sanders, que também defendeu a redução da jornada de trabalho, sem perda salarial.
Eleita vice-presidenta da UNI Finanças Mundial, Neiva Ribeiro lembrou que “nós, bancários, defendemos e já apresentamos como reivindicação na última campanha nacional a jornada de quatro dias, para assim termos mais tempo para viver, para ficar com a família, para o lazer, estudo, cultura e cuidados pessoais”. Neiva, que é presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região argumenta que “o avanço tecnológico, a inteligência artificial, a robótica, se colocados a serviço de toda a sociedade, podem nos proporcionar isso”.
O 6º Congresso acontece após a Conferência Mundial da UNI Finanças, que aconteceu no dia 24, e a 6ª Conferência Mundial de Mulheres, nos dias 25 e 26 de agosto, o que reflete o compromisso da entidade em abordar não apenas questões trabalhistas, mas também a inclusão de mulheres em todos os níveis socias.
Na Conferência da UNI Finanças, a italiana Anna Maria Romano foi eleita para a Presidência, até então ocupada pela secretária de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Rita Berlofa. No mesmo evento, o secretário-geral da Contraf-CUT, Gustavo Tabatinga, fez uma apresentação sobre a digitalização do sistema financeiro, com detalhes do caso brasileiro.
Na segunda-feira (28), ocorreram dois debates: “Equidade de direitos para mulheres através da negociação coletiva” e “Campanha Amazon”, sobre a experiência da organização mundial dos trabalhadores da Amazon, empresa que mundo afora age contra o sindicalismo e os direitos dos trabalhadores.
No dia 29 também ocorreram os debates “Mudar as regras para uma economia justa e inclusiva”, “Juntos contra a desigualdade, o racismo, e a discriminação”, “Segurança e saúde” e “Trabalho digno na era digital”.
Na quarta-feira (30), último dia do evento, os temas foram “Paz, democracia e direitos humanos”, “Mudar as regras para responsabilizar as empresas” e “Unidos por um mundo sustentável”; e “Juventude”.
A UNI Global Union representa mais de 20 milhões de trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo. Com sindicatos de diversos setores, atua para criar um ambiente justo e seguro para a força de trabalho global, promovendo debates e ações conjuntas para enfrentar os desafios do século XXI.
Fonte: Contraf-CUT
Link: https://sindicario.com.br/noticias-gerais/congresso-mundial-da-uni-estimula-uniao-dos-trabalhadores/