1 de Dezembro de 2011 às 14:09
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É preciso ter ousadia e acelerar o ritmo de queda da Selic
Para a Contraf-CUT, faltou ousadia ao Comitê de Política Monetária (Copom) na última reunião do ano, finalizada nesta quarta-feira (30), que reduziu em 0,5% a taxa Selic, passando-a de 11,5% para 11% ao ano.
"O Copom acertou no remédio, mas continua errando na dosagem. É preciso ter ousadia e acelerar o ritmo de queda da Selic. O Brasil é ainda campeão mundial dos juros altos, o que emperra a geração de empregos, o incremento da produção e o desenvolvimento econômico", avalia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
A tímida redução da Selic ocorreu no mesmo dia em que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel anunciou que o governo divulgará novo pacote de estímulo ao crédito. Para o dirigente da Contraf-CUT, "a melhor medida para alavancar o crédito é a queda acentuada da Selic e das taxas de juros praticadas pelos bancos, como forma de oferecer taxas compatíveis e fortalecer o mercado interno".
Cordeiro analisa que o país necessita cada vez mais de juros menores. "O Brasil precisa de condições que garantam a continuidade do ciclo de desenvolvimento econômico, inclusive como antídoto para proteger a economia de qualquer problema que possa advir da crise europeia", salienta.
"O corte de 0.5% na Selic traz uma economia de cerca de R$ 8,5 bilhões na dívida pública, o que é positivo, mas o ganho podia ter sido maior", alerta o dirigente sindical. Para ele, "é preciso acabar com esse programa de transferência de renda aos donos de títulos públicos, a chamada bolsa-banqueiro, cujo orçamento da União prevê o repasse da ordem de R$ 240 bilhões em 2011. Isso representa 18 vezes mais do que o orçamento previsto de R$ 13,4 bilhões para o Bolsa Família", compara o dirigente sindical.
Segundo o dirigente sindical, "só ganham com os juros altos os banqueiros e o capital especulativo, enquanto perdem todo setor produtivo e os que defendem o desenvolvimento do país, bem como as camadas mais pobres da sociedade, que dependem de políticas públicas para saírem da miséria".
O presidente da Contraf-CUT reitera que, além das metas de inflação, o Banco Central deveria fixar metas sociais, como geração de empregos, crescimento econômico e medidas para diminuir as desigualdades sociais. "Para isso, é fundamental abrir o Copom para a participação da sociedade civil organizada", defende.
"Está mais do que na hora de discutir o papel do BC e dos bancos na sociedade brasileira", reforça Cordeiro que propõe a realização da 1ª Conferência Nacional sobre o Sistema Financeiro, a exemplo de outras já promovidas, como a da Saúde, Segurança Pública e Comunicação. "Queremos que todos os agentes sociais possam debater o papel e a atuação das instituições financeiras, assim como o acesso ao crédito, a política de juros e a inclusão bancária para todos os cidadãos brasileiros", conclui.
Fonte: Contraf-CUT