14 de Novembro de 2011 às 10:08
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A Contraf-CUT criticou a decisão do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) que decidiu pedir a retirada da pauta de votações do Senado do projeto de lei de sua autoria que incluía, entre as competências do BC, a tarefa de perseguir o crescimento econômico e a geração de empregos.
"Lamentamos profundamente o recuo do senador, pois o projeto retirado estava em sintonia com a luta dos bancários e da sociedade brasileira", afirma Marcel Barros, secretári-geral da Contraf-CUT. "Defendemos que, além das metas de inflação, o BC deveria fixar também metas sociais, como o aumento do emprego e da renda dos trabalhadores e a redução das desigualdades sociais do país", salienta.
O tema vem sendo recorrente nas críticas feitas pela Contraf-CUT por ocasião das reuniões do Copom, quando os bancários têm apontado a necessidade de mudar o foco da política monetária.
Explicações não convencem
Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, a decisão foi tomada um dia depois de Lindbergh ter conversado com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que o alertou sobre a repercussão negativa da proposta.
O projeto de lei complementar foi aprovado por unanimidade pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, no dia 1º de novembro, e iria ao plenário da Casa.
"O presidente Tombini disse que entende minha posição, mas que o projeto poderia criar ruídos no mercado financeiro, de que o governo estaria abandonando o sistema de metas de inflação", afirmou o senador.
Lindbergh reconheceu que o fato de ser filiado ao PT contribuiu para aumentar a desconfiança de que a proposta tinha sido combinada com setores do governo - o que ele nega.
O senador pediu audiência com Tombini, para saber sua opinião sobre a ampliação das competências do BC, para deixar de mirar só a inflação. "Estou retirando a proposta, porque não quero contaminar [a política do BC] e está próxima a reunião do Conselho de Política Monetária. Não quero criar nenhum ruído", disse.
Lindbergh afirmou não ter recebido qualquer recado sobre desaprovação da presidente Dilma Rousseff em relação ao projeto. Segundo interlocutores, ela não gostou nada da iniciativa.
Debate continua
O parlamentar afirmou que desistiu do projeto, mas que não abre mão de continuar o debate sobre as competências do Banco Central, que considera a "discussão do momento no mundo todo".
A atribuição do BC é "assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente". Durante a votação na CAE, Lindbergh lembrou que a própria Dilma vinha declarando que o objetivo do governo é "buscar a estabilidade com crescimento econômico".
O petista disse ainda que o BC, sob o comando de Tombini, já vem atuando dentro do "balizamento" proposto no projeto, ou seja, com foco no crescimento e na geração de emprego. Se mirasse apenas na inflação - disse -, o Banco Central não estaria baixando os juros nesse momento.
Fonte: Contraf-CUT com Valor Econômico