24 de Janeiro de 2011 às 10:33
Valor Econômico
Fernando Travaglini
Uma das maiores apostas do Banco do Brasil para este ano é o crédito imobiliário. A instituição quer ultrapassar seus concorrentes diretos no curto prazo e o financiamento à construção passou a ser a grande aposta por permitir uma expansão mais rápida da carteira, num primeiro momento, para em seguida permitir o repasse do crédito ao mutuário.
Recém chegado a esse segmento, o BB tem cerca de R$ 7 bilhões em disponibilidade de capital para alocar em habitação. Com todo esse arsenal, sentou com as 16 maiores empresas do setor e fechou contrato com todas. Parte desse total será, inclusive, destinada a companhias que atuam no programa Minha Casa Minha Vida, no segmento acima de 3 salários mínimos.
O objetivo do banco é dobrar seu estoque de empréstimos ao longo de 2011, passando de R$ 3 bilhões, do fechamento do ano passado, para R$ 6 bilhões até dezembro deste ano, afirmou ontem o presidente da instituição, Aldemir Bendine, ontem, em Brasília.
A estratégia está relacionada ao contexto de menor crescimento do crédito ao consumo e ampliação da destinação de recursos para investimentos, completou Bendine.
O Banco do Brasil, a exemplo do que pretende fazer a equipe econômica do novo governo, deve ajustar o seu ritmo de crescimento ao longo de 2011. A ideia é ter uma expansão mais modesta dos empréstimos nos segmentos de consumo e uma maior agressividade nos créditos voltados para investimentos, especialmente em infraestrutura.
O crédito à pessoal física, cuja previsão anterior era de um crescimento de 25%, terá um avanço menor, de 22%, segundo prevê o presidente do BB (aumento ainda elevado, se comprado aos outros bancos). Já os recursos para os investimentos devem crescer significativamente. O estoque de R$ 30 bilhões, de setembro de 2010, pode receber cerca de R$ 20 bilhões ao longo desse ano em novos aportes. Os projetos em estudo superam os R$ 60 bilhões, dos quais um terço deve receber financiamento do BB.
De acordo com o presidente da instituição, a mudança não segue determinações vindas do acionista, o governo; decorre de uma visão comercial, dada a demanda por investimento e à retração da procura por crédito ao consumo - fruto das medidas macroprudenciais do Banco Central (BC) para este segmento, anunciadas no ano passado.
A instituição não pretende, no entanto, diminuir seu apetite por market share. A participação de 20% do mercado de crédito, obtida durante a crise, não será devolvida aos concorrentes, que voltaram à disputa.
O banco acredita que adquiriu nesse período a confiança das empresas e ainda abocanhou produtos de relacionamento, como a administração de folhas de pagamento, a gestão de capital, além de ampliar a oferta de previdência e empréstimo consignado para os funcionários.
O Banco do Brasil espera ainda fechar em breve a compra de um banco de pequeno porte nos EUA. O negócio caminha para ser concretizado com uma pequena instituição da Flórida, de apenas três agências. Já a operação na África, em parceria com o Bradesco e o Banco Espírito Santo (BES) deve ter início em dois meses. Compras na América Latina também podem ocorrer este ano.
Fonte: Valor Econômico
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