24 de Novembro de 2009 às 11:59
TONI SCIARRETTA
Folha de São Paulo
Empresas do setor financeiro, como bancos, seguradoras, administradoras de cartões e a própria BM&FBovespa, passaram a ocupar parte do espaço perdido pelas companhias produtoras de commodities entre as empresas mais importantes da Bolsa, segundo estudo da consultoria Economática.
No terceiro trimestre de 2008, ainda antes da crise, as empresas produtoras de commodities respondiam por 55,1% do total de lucros reportados pelas companhias abertas, num total de R$ 22,54 bilhões das empresas de petróleo, gás, mineração, siderurgia, agropecuária e papel e celulose.
Passado um ano da crise que derrubou o preço das principais matérias-primas, essas mesmas empresas tiveram ganhos de R$ 13,48 bilhões -36,08% dos lucros de 314 empresas. Por seu volume de negócios, os produtores de commodities somam 46% do Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa.
Enquanto isso, as companhias do setor financeiro passaram a responder por 23,4% dos lucros no terceiro trimestre deste ano, o equivalente a R$ 8,747 bilhões. No ano passado, o setor contribuía com 20,4% (R$ 8,35 bilhões).
Para Reginaldo Alexandre, presidente da Apimec-SP (associação de analistas), a ascensão das empresas do setor financeiro se deve à recuperação do mercado doméstico. "Isso é consequência da bancarização e do papel do setor financeiro de motor do mercado interno."
A pesquisa mostra que, mesmo com a desaceleração nas operações de crédito e do lucro estagnado, o setor bancário foi o que mais ganhou no terceiro trimestre. As 23 instituições financeiras lucraram R$ 7,578 bilhões -20,3% dos ganhos das empresas no período.
Só Itaú, Banco do Brasil e Bradesco respondem por ganhos de R$ 2,27 bilhões (6,1% do total), R$ 1,98 bilhão (5,3%) e R$ 1,8 bilhão (4,8%).
Os ganhos dos bancos superam até os das cinco empresas do setor de petróleo e gás, que, juntas, lucraram R$ 7,475 bilhões no terceiro trimestre -desse total, R$ 7,3 bilhões foram da Petrobras, que liderou o ranking individual de lucros no terceiro trimestre de 2009.
Para Kelly Trentin, analista da corretora SLW, a recuperação global deve melhorar as perspectivas dos exportadores. "Siderurgia e mineração são os [setores] que mais fortemente sentiram os efeitos da crise. O resultado é fraco, mas as perspectivas agora são melhores."
"Com o petróleo se recuperando, a tendência é melhorar o resultado do setor", diz Luiz Brodi, analista da Ágora.
Fonte: Folha de São Paulo
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