24 de Março de 2009 às 10:04
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Mais de mil trabalhadores, desde o fim de 2008, entraram na Justiça de São Paulo alegando humilhações e ameaças no emprego. Pesquisa feita recentemente pela Anamatra (associação que reúne os juízes trabalhistas do país) mostra que 79% dos juízes apontam a necessidade de que o assédio moral seja regulamentado em lei. A falta de uma lei federal específica para regular o assédio moral no país, como existe na França, dificulta o entendimento sobre a questão e pode dar margem a situações que colocam em dúvida se o assédio moral de fato ocorreu.
A Associação dos Advogados Trabalhistas do Estado de São Paulo (AATSP) estima que os mil profissionais associados ingressaram na Justiça com ao menos uma ação de assédio moral cada um desde o final de 2008. Procuradores do Ministério Público do Trabalho em seis Estados (Rio, Pernambuco, Piauí, Ceará, Santa Catarina e São Paulo) e no Distrito Federal investigam 145 denúncias recebidas neste ano sobre assédio em alguns setores, como o bancário.
Os bancários são uns dos trabalhadores que mais sofrem com o assédio moral. Demissões imotivadas, pressão para o cumprimento das metas e sobrecarga de trabalho, tudo acontecendo em um mesmo cenário de lucros bilionários que são atingidos cada vez mais pelas instituições financeiras do país.
Segundo estudo da consultoria Economática, três dos cinco primeiros no ranking dos bancos mais lucrativos das Américas são brasileiros; no quesito rentabilidade, o Brasil ocupa a primeira e segunda posição. O Banco do Brasil é o melhor colocado na lista, em terceiro lugar, com lucro líquido de US$ 3,767 bilhões no ano passado. Em seguida aparecem o Itaú (lucro de US$ 3,3 bilhões) e Bradesco (US$ 3,2 bilhões).
Utilizando a relação retorno sobre patrimônio líquido (ROE), o banco estatal aponta uma rentabilidade de 32,5% no ano, encabeçando a lista da instituição financeira mais rentável das Américas em 2008, segundo o estudo elaborado pela mesma consultoria.
Maria Maeno, da Fundacentro, acha que, com a crise, as empresas reduzem custos e pressionam os empregados. "Como o trabalhador tem medo de ser demitido, vai suportando essas situações que podem ser também assédio".
Situação em Mato Grosso do Sul
O assédio moral também está presente nas agências de Mato Grosso do Sul e infelizmente o número de casos só vem aumentando. Por isso, no mês de março o Seeb CG – MS e Região distribuiu um informativo denunciando o problema e alertando a classe que é necessário denunciar os casos de assédio moral que acontece nas agências bancárias. Além disso, o sindicato está disposto a divulgar os nomes de chefes e gerentes que agridem moralmente seus colegas de trabalho.
Contraf-Cut/ Folha de SP e Seeb CG - MS e Região