19 de Novembro de 2025 às 08:00

Dia Consciência Negra: A urgência da luta contra o racismo no mercado de trabalho

20 de novembro

O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado neste 20 de novembro, transcende a simples data comemorativa. Oficializado como feriado nacional em 2023, este dia é um marco fundamental para a reflexão profunda sobre a contribuição histórica, cultural e social do povo negro para o Brasil, bem como a persistência do racismo estrutural e suas consequências devastadoras.

A data remete à morte de Zumbi dos Palmares em 1695, líder máximo do Quilombo dos Palmares e símbolo inabalável da resistência negra contra a escravidão e a opressão no período colonial. O Brasil, um dos últimos países do mundo a abolir a escravidão, carrega até hoje as marcas desse passado.

Desigualdade racial persiste no mercado de trabalho

O mercado de trabalho permanece sendo um dos principais palcos da reprodução da desigualdade racial. A inserção, as condições de trabalho e as possibilidades de ascensão profissional são flagrantemente desiguais para a população preta e parda.

  • Sub-representação em Liderança: Embora a população negra (preta e parda) represente 56,7% da população brasileira e 55,4% dos ocupados, ela ocupava apenas 33% dos cargos de direção e gerência. (Dados do 2º trimestre de 2024, Pnad Contínua/IBGE).
  • Diferença Salarial Gritante: Os trabalhadores negros ganhavam, em 2024, em média, 41,9% menos do que os não negros.
  • A Dupla Desigualdade: O rendimento médio das mulheres negras, que acumulam as desigualdades de raça e gênero, é um dos mais baixos – elas recebiam 53,7% menos que homens não negros, evidenciando a persistência das desigualdades estruturais.

"Os números são um retrato cruel: o racismo no Brasil é estrutural, limitando as oportunidades, barrando a ascensão e forçando a maior parte da população negra a postos de trabalho mais precários e com menor remuneração. Não se trata de mérito, mas sim de uma barreira sistêmica que precisa ser demolida”, destaca a presidenta do Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região, Neide Rodrigues.

Desigualdade no Sistema Financeiro

Essa realidade de exclusão se reflete de forma aguda no sistema financeiro brasileiro. De acordo com o último censo da diversidade nos bancos:

  • Bancários negros e negras (incluindo pardos) eram apenas 24,8% dos trabalhadores do setor.
  • Pessoas pretas eram apenas 3,4% da categoria.
  • Nos cargos de liderança, a presença negra era ainda mais reduzida: menos de 5% estavam nos cargos de diretoria das instituições financeiras.
“É inaceitável que, em um país majoritariamente negro, a base da pirâmide dos bancos seja o local de concentração da população negra, enquanto a diretoria permanece majoritariamente branca. Os bancos têm responsabilidade social e precisam implementar políticas reais de inclusão, formação e ascensão profissional. Essa é uma luta permanente e inegociável em todas as mesas de negociação que travamos”, lembra a presidenta do sindicato.

Fortalecendo o combate ao racismo

O compromisso da categoria com o combate à discriminação foi reafirmado no VIII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado nos dias 06 e 07 de novembro em Fortaleza/CE. O evento aprovou uma agenda estratégica para fortalecer a luta contra o racismo e ampliar a inclusão da população negra no setor.

Entre os principais encaminhamentos aprovados no Fórum, destacam-se:

  • Promoção de formação permanente sobre relações raciais e história afro-brasileira.
  • Criação e implementação de protocolos antirracistas e canais de denúncia eficazes.
  • Realização de fóruns locais e atividades nas datas históricas da luta negra.
  • Qualificação profissional com foco na juventude negra para acesso ao primeiro emprego.
  • Criação de coletivos e fundos de apoio para ampliar a participação de dirigentes negros nas estruturas sindicais.
  • Ações de promoção da saúde integral da população negra.
  • Realização periódica de reuniões de mobilização e organização da base.

Para aprofundar o entendimento e aprimorar a atuação do movimento sindical, ainda foi realizado neste ano o 4º Censo da Diversidade no Setor Bancário, uma iniciativa coordenada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e representações dos trabalhadores. A intenção principal deste censo é coletar dados detalhados e atualizados sobre a composição da categoria em relação a gênero, raça/cor, orientação sexual e pessoas com deficiência, servindo como ferramenta fundamental para orientar as negociações e cobrar ações afirmativas mais efetivas dos bancos.

“O combate ao racismo é uma prioridade inadiável do movimento sindical bancário. No entanto, queremos ir além: a luta contra esse sistema de exclusão é de toda a sociedade, e é preciso mobilização ampla para acabar com o racismo que se manifesta em todos os espaços. As entidades estão dispostas a transformar esse compromisso em prática concreta, nas agências, nos locais de trabalho e em toda a sociedade. A luta por um sistema financeiro e um Brasil antirracista é de todos nós”, reforça Neide Rodrigues.

Por: Comunicação do SEEBCG-MS 


 

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