28 de Agosto de 2008 às 22:14
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Os bancários marcaram presença na história das lutas sociais no Brasil desde o início do Século 20, mais precisamente na década de 1910. Foram pioneiros na mobilização, na organização de entidades sindicais e nas greves. 28 de agosto foi marcado como Dia do Bancário para lembrar a histórica greve de 1951, em São Paulo, que durou 69 dias apesar da forte repressão. Os movimentos sociais voltavam a ganhar força no Brasil após o fim da ditadura de Getúlio Vargas, em 1945, com os bancários na linha de frente - a campanha de 1946 já havia ocupado as ruas do centro de São Paulo.
Em 1951, os bancários decidiram inovar na luta por reivindicações salariais e por melhores condições de trabalho. A mobilização da categoria seria unificada nacionalmente. As principais reivindicações pediam reajuste de 40%, salário mínimo profissional e adicional por tempo de serviço. As sucessivas tentativas de negociação fracassaram.
Os bancários recusaram o dissídio coletivo e, em São Paulo, realizaram paralisações simbólicas de minutos, dos dias 12 de julho a 2 de agosto. Os banqueiros acenaram com um reajuste em torno de 20%, mas os bancários de São Paulo mantiveram sua reivindicação.
No dia 28 de agosto de 1951, uma assembléia histórica no Sindicato dos Bancários, contando com a presença de 28% da categoria, decidiu ir à greve para conseguir seus direitos. A greve foi deflagrada e logo duramente reprimida. O Dops prendia e espancava os grevistas. Em todo o Brasil a manipulação da imprensa levou os bancários de volta ao trabalho, mas a categoria em São Paulo resistiu e, em conseqüência, a repressão aumentou.
Somente após 69 dias de paralisação, a categoria arrancou 31% de reajuste. Após o término da paralisação a repressão foi ainda mais acentuada. Centenas de bancários foram demitidos, outros foram transferidos para o interior e as comissões por bancos foram desmanteladas pelos banqueiros.
Criação do Dieese – Mas, como resultado positivo, apesar da dificuldade de rearticulação dos trabalhadores nos anos seguintes, além do aumento a greve de 51 resultou na formação de vários sindicatos de bancários pelo Estado.
Mais ainda, ousou questionar a lei de greve do governo Dutra e colocou em xeque os índices oficiais de custo de vida, que tiveram de ser refeitos - durante o processo, estes índices pularam “milagrosamente” de 15,4% para 30,7%.
O questionamento do cálculo do custo de vida culminaria, em 1955, na criação do Dieese - o hoje histórico e respeitado Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.
Contraf/CUT, com UFGNet e Seeb/SP