24 de Janeiro de 2012 às 10:18
24/01/2012
As circunstâncias do falecimento do secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvaneir Paiva, enfatizam a triste realidade da saúde no Brasil. Na madrugada da última quinta-feira, 19, Paiva, passando mal, tentou dar entrada em dois hospitais particulares de Brasília (Santa Lúcia e Santa Luzia). O motivo da não internação nos dois estabelecimentos seria a falta de um cheque-caução para assegurar seu atendimento. Quando chegou ao terceiro hospital, Paiva não resistiu e faleceu antes que seu cadastro fosse concluído. O caso ganhou forte repercussão e a própria presidenta Dilma Rousseff solicitou a apuração minuciosa das causas da morte do secretário. Infelizmente, Paiva compõe uma triste estatística que diariamente mata milhares de brasileiros. As circunstâncias em que o secretário faleceu revelam como a saúde se tornou um negócio e o dinheiro ganha dimensão maior que a própria vida. Políticas públicas no setor se fazem urgentes para que vidas possam ser salvas e um cheque não faça diferença entre a vida e a morte. O que a Condsef espera é que a morte de Paiva sirva como um alerta emergencial ao governo.
A situação do secretário de RH, Duvanier Paiva, choca por se tratar de problema que acometeu um funcionário de alto escalão do governo. Mas este não é um caso isolado. Infelizmente, Paiva não é exceção, mas sim regra na realidade de caos da saúde brasileira. Realidade que precisa ser transformada com políticas públicas eficazes e investimento adequado em serviços públicos eficientes. Milhares de brasileiros morrem sem que investigações minuciosas sejam feitas e por pura negligência do poder público nos âmbitos Estadual, Municipal e Federal.
A saúde é sempre um dos principais focos de políticos em período de campanha eleitoral, mas sempre termina sufocada por uma série de outras “prioridades”. Como resultado, o Estado que deveria se responsabilizar de forma direta por investimentos e melhorias no setor, transfere a saúde para as mãos da iniciativa privada transformando a vida em mais um item a ser comercializado. Ao invés de fomentar, por exemplo, a criação de fundações estatais de direito privado para gerenciar hospitais, o governo deve garantir investimento para assegurar atendimento de qualidade a população. Por mais impostos que pague o brasileiro continua enfrentando problemas absurdos quando se vê obrigado a buscar atendimento não só na rede pública como também em hospitais e clínicas particulares.
Negligência mata milhares – A polícia que está investigando o caso do secretário de Recursos Humanos revelou que nos últimos dias recebeu uma série de denúncias relatando a prática de exigir cheque-caução para assegurar internações de emergência. O caso da morte de Paiva está sendo tratado como homicídio culposo – quando não há intenção de matar. O motivo seria a negligência dos hospitais que não aceitaram o paciente por este não possuir um talão de cheques no momento da internação. Negligência que vai continuar a matar milhares de brasileiros todos os dias até que o governo decida dar à saúde a atenção e importância que ela necessita.
Fonte: site da CUT/MS
Link: https://sindicario.com.br/noticias-gerais/dinheiro-nao-pode-valer-mais-que-a-vida/