19 de Dezembro de 2008 às 11:58
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A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, reconheceu ontem que os projetos de infra-estrutura podem estar com problemas para o fechamento das operações de financiamento de longo prazo, mas atribuiu a posição de restrição de crédito ao ambiente de medo existente hoje na economia. “Os bancos estão temerosos porque as formas de transmissão da crise foram a escassez de crédito e o medo”.
A Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base) afirma que R$ 220 bilhões em projetos já licitados e contratados aguardam financiamentos para oferta de garantias e a estruturação financeira de longo prazo. Paulo Godoy, presidente da Abdib, sugeriu um “pente-fino” e a priorização de obras que representem mais impacto do ponto de vista econômico e social.
Em resposta, a ministra disse que o governo prepara medidas que irão desonerar investimentos para sustentação de quatro pilares para o crescimento econômico: o PAC, o programa de mobilidade urbana (com aportes na infra-estrutura de transporte), construção de habitações de interesse social e o pré-sal.
Segundo a ministra, o governo tenta, neste momento, demonstrar uma perspectiva diferente e dinâmica da economia brasileira. “Quando a gente faz essa força para mostrar que a expectativa é favorável, é para que o medo não contamine o Brasil. O medo pode levar a decisões incorretas”, disse.
A uma platéia de 500 empresários, a ministra tentou mostrar a diferença entre as crises que afetaram o Brasil nos anos 90 e a atual. Segundo ela, as reservas cambiais, a solidez bancária, a estabilidade econômica e o programa de investimentos em infra-estrutura dão ao país um horizonte mais favorável para a retomada da economia quando a crise passar.
Para demonstrar confiança, Dilma anunciou que apresentará hoje ao presidente Lula um novo conjunto de obras que serão inseridos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). São projetos já prontos para serem concedidos ou licitados, entre os quais rodovias, portos e saneamento, disse. Ela não detalhou quais.
Segundo Godoy, o governo precisa ampliar os recursos para financiamento de longo prazo, hoje restritos ao BNDES, ao FI-FGTS (Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e alguns instrumentos de captação de recursos para o setor. “É preciso criar instrumentos ou reforçar esses que já estão aí”, afirmou Godoy.
Madeira – A ministra disse que conversou ontem com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, sobre a redução do nível de financiamento da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira, de 70% para 60%. “Não aconteceu nada com o Madeira. O que o Luciano Coutinho me disse foi que a redução de 70% para 60% foi acertada com os grupos”, disse. Ela afirmou ainda que conversou com um dos sócios da Mesa (Madeira Energia S.A.), empreendedor responsável pela usina de Santo Antônio, e que obteve a garantia de que “não há problema de financiamento”.
Folha de São Paulo