12 de Janeiro de 2009 às 11:50
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O Brasil está mais bem colocado para enfrentar a crise do no passado, diz reportagem na edição desta quinta-feira do jornal britânico, “Financial Times” (FT).
Segundo o FT, há um ano o Brasil parecia a muitos investidores “como um modelo de descolamento (decoupling)”, explicando que o sistema financeiro do País “tinha pouco contato com a crise do subprime dos Estados Unidos ou investimento bancário no mundo desenvolvido”.
As exportações de commodities, particularmente minério de ferro, “pareciam fortes em uma era em que os preços disparavam”, a importância do consumo doméstico se fez sentir e o crescimento “continuou sólido devido à concessão crescente mas conservadora de empréstimos e de grupos bem dirigidos em setores como varejo e telecomunicações”.
Neste começo de 2009, muitos dos fatores positivos potencialmente permanecem, embora o descolamento tenha se desfeito, diz o jornal.
No que diz respeito a commodities, por exemplo, o jornal diz que o preço do minério de ferro “pode aumentar no longo prazo”, impulsionado pela demanda por parte de vários países que estão investindo em infra-estrutura para estimular suas economias. Mas é pouco provável que isso aconteça num futuro próximo.
Apesar disso, a economia brasileira “continua muito melhor posicionada para enfrentar a crise do que estaria no passado”, como explicou André Loes, economista-chefe do HSBC Brasil, no congresso da World Federation of Investors Corporations em São Paulo.
Segundo o jornal, Loes disse: “No começo da década de 90, nós tínhamos uma economia muito fechada. Nós tínhamos uma balança de pagamentos fraca e hiperinflação. O Estado tinha indústrias que não deveria ter”.
“No final dos anos 1990 e meados de 2000, nós estabelecemos um regime de metas de inflação. Nós aprovamos uma lei de responsabilidade fiscal. O Estado só pode aumentar os gastos se subir os impostos”, acrescentou.
Bancos – O artigo destaca ainda que “por lei, os bancos brasileiros estão entre os mais capitalizados do mundo”.
“Incerteza financeira catalisou fusões e especulação de aquisições no setor bancário brasileiro, que começou com a fusão do Banco Itaú e o Unibanco no final do ano passado”. O jornal conclui o artigo com uma nota positiva.
“Como Roberto Teixeira da Costa, ex-presidente do órgão regulador do mercado financeiro brasileiro CVM, disse quando o (banco americano) Lehman Brothers faliu em setembro: ‘Nós estamos passando por uma crise de confiança’”.
“(...) Nós não temos idéia de quando a confiança vai voltar. O comércio mundial será afetado. Os investidores serão afetados. A percepção de risco muda em momentos como este. Mesmo assim, quando a poeira baixar, o Brasil estará em boa posição”.
BBC Brasil