17 de Setembro de 2008 às 12:26
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A reestruturação dos principais bancos de investimento americanos terá reflexos em suas operações no Brasil, o mercado mais relevante da América Latina, que poderão ser vendidas ou fundidas com parceiros locais. A Merrill Lynch poderá atuar com o Itaú, e o Unibanco poderá elevar sua parte na seguradora que tem com a AIG, segundo fontes.
As operações da Merrill Lynch brasileira poderão permanecer independentes, respondendo diretamente à matriz americana sob comando do Bank of America, ou ser integrada com a área de investimentos do Banco Itaú, da qual o banco americano tem 7,5%. “O Itaú mantém ótima relação com o Bank of America e sempre estará aberto a avaliar qualquer proposta do banco para eventual aprofundamento da parceria, considerados os melhores interesses dos seus acionistas”, diz o Itaú, em nota.
As ações PN do Itaú recuaram 6,63%, mesmo patamar dos demais bancos no País.
Desde 1954 no Brasil, a Merrill Lynch emprega cerca de 300 profissionais em São Paulo e no Rio. Ontem, as equipes trabalharam normalmente no país, inclusive divulgando relatórios da matriz sobre a liquidação do Lehman Brothers.
Com mais de mil clientes no Brasil, a Merrill Lynch atua nas áreas de banco de investimento e está à frente de negócios importantes como a venda da paulista Nossa Caixa para o Banco do Brasil. O banco tem ainda equipes na área de gestão de fortunas, fundos de investimento e análise de mercado.
Já o Lehman Brothers mantém uma equipe menor em São Paulo e no Rio, estimada em menos de 50 pessoas. No ano passado, comprou a carteira da área de banco de investimentos da Rio Bravo, empresa de Gustavo Franco, ex-presidente do BC. À época, levou o economista Winston Fritsch e outros profissionais de sua equipe. A Rio Bravo afirma que não mantém parcerias com o Lehman no Brasil. No ano passado, antes da piora da crise, o Lehman chegou a estudar a compra de bancos de investimentos independentes no Brasil.
“Os bancos americanos de investimento chegaram atrasados no Brasil, perderam o bonde da abertura de capital e, quando planejavam expandir suas operações no Brasil, aprofundou a crise de suas matrizes”, disse Luis Miguel Santacreu, da Austing Ratings.
AIG – Já a AIG mantém uma parceria com o Unibanco na área de seguros e previdência desde 1997. No mercado, comenta-se que poderia vender sua parte para o Unibanco. As ações Unit do banco recuaram 8,05%.
A seguradora figura entre as três maiores brasileiras, e esteve em alguns dos maiores sinistros de grandes riscos do País – as obras do metrô de São Paulo, a caldeira da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), a queda do Fokker da TAM em 1996 e do Airbus de 2007.
“A Unibanco AIG funciona sob supervisão dos órgãos reguladores do Brasil, e suas reservas técnicas estão aplicadas em títulos do mercado nacional. Por ser uma empresa independente, ela não sofre interferência dos resultados da AIG”, afirmou o Unibanco, em nota.
Toni Sciarreta, da Folha de S. Paulo