3 de Dezembro de 2008 às 12:34
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem a 11 governadores reunidos em Recife que gastem o máximo que puderem em investimentos públicos para combater a crise. Ele disse que as ações do governo de fomento ao crédito ainda não tiveram efeito e que o país tem uma taxa de juros "acima daquilo que o bom senso indica que deveríamos ter".
“Neste momento em que temos bases de garantia de estabilização [...], temos que dizer o seguinte: precisamos economizar o máximo que a gente puder em custeio e gastar o máximo que a gente puder em investimentos públicos, em obras públicas”, disse aos governadores.
Segundo ele, Estados, prefeituras e governo federal “podem ser os indutores” para que o País “saia dessa crise sem nenhum arranhão ou com alguma coisa muito pequena que não vai doer”. “Vai depender muito de nossa capacidade e ousadia”.
Ao comparar as ações contra a crise do governo às dos países desenvolvidos, Lula criticou os juros nacionais. Ele disse que, enquanto países como os EUA disponibilizaram dinheiro para salvar instituições financeiras, o Brasil optou pela compra de carteiras de bancos pequenos e pelo fomento ao crédito.
“Só que esse crédito ainda não tem chegado à ponta do jeito que a gente gostaria”, afirmou o presidente. “Depois, obviamente, todo mundo sabe que temos uma taxa de juros acima daquilo que o bom senso indica que deveríamos ter”.
Em Pernambuco desde anteontem, Lula disse que os governadores precisam fazer uma “operação pente-fino” para identificar os problemas que estariam emperrando o andamento das obras nos Estados.
“Agora é a hora de trabalhar com todo o vigor e com toda a ousadia para que a gente não permita que o dinheiro que já está disponibilizado para os Estados e os municípios deixe de ser aplicado nas obras para gerar emprego e renda e fique guardado num banco por ineficiência nossa”, declarou.
Lula lembrou aos governadores que a maioria dos Estados aumentou sua capacidade de endividamento e que pode tomar dinheiro emprestado. Ele recomendou ainda aos governantes que viajem e busquem novos investimentos.
Lula também disse aos governadores que não haverá cortes nas obras da Petrobras. “Vocês todos conhecem a disponibilidade de investimento que tem a Petrobras, e eu quero dizer para vocês: não haverá diminuição nas obras da Petrobras em nenhum dólar por conta da crise. Não haverá”.
“A refinaria do Maranhão, a do Ceará, a de Natal, a de Pernambuco, todas elas serão mantidas”, afirmou. “Os contratos que vamos ter do pré-sal para a compra de navios e sondas, vamos continuar fazendo”.
Fábio Guibu, da Folha de S. Paulo