30 de Janeiro de 2009 às 12:13

Juros vão baixar, mas não os spreads, avisa Setubal

O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, considerou ontem ser “bastante razoável” esperar mais queda das taxas de juros nas próximas reuniões do Copom, mas deixou claro que isso não significará baixa nos spreads bancários, a diferença entre o custo de captação e o que cobram do tomador final de empréstimo.
 
Ele avisou que não tem como reduzir o spread no curto prazo, porque a inadimplência está subindo no país, afastando assim uma demanda frequente do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
 
“Se o nível de inadimplência subir, o spread tende a subir, e se cair, o spread também tende a cair”, argumentou. Disse que o aumento da inadimplência reduziu a possibilidade de baixa dos spreads, pelo menos até que os calotes se estabilizem.
 
Sua expectativa é de que o ciclo de baixa dos juros continuará e observou que o mercado está indicando taxa abaixo de 11% ao final do ano, e que as baixas vêm sendo repassadas integralmente aos clientes.
 
Setubal considera que o Brasil tem uma situação “perfeitamente administrável” e previu um ano difícil, mas menos problemático para o país do que para outros emergentes. “A economia interna vai ter 2009 de ajustes, ao novo nível de câmbio, preço de commodities. Isso não é imediato, demora um tempo, se perde um pouco de PIB nesse período, mas pode voltar a crescer mais de 3% em 2010”, afirmou.
 
William Rhodes, do Citigroup, velho observador da política econômica brasileira, considerou que o BC “faz um bom trabalho”, mas notou que a “tendência no mundo inteiro” é mesmo de baixa significativa dos juros, perto de zero, como nos EUA.
 
Em conversa com jornalistas brasileiros em Zurique, Setubal foi indagado como se sentia como presidente de um banco com valor hoje maior que o do Citigroup, até recentemente umas das máquinas financeiras do mundo. “Isso mostra o tamanho da crise que estamos passando”, respondeu rindo.
 
Indagado se o Citi pretendia desmontar o banco no Brasil, Rhodes respondeu que sobre o País tudo é positivo. “Sobre o Brasil e sobre o Citi, quer dizer, o Citibank Brasil”, disse bem humorado.
 

Assis Moreira, do Valor Econômico
 

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