3 de Março de 2008 às 12:12
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A safra de balanços de 2007 dos bancos mostrou mais uma quebra de recorde de ganhos, especialmente no caso das maiores instituições privadas. De certa forma, os resultados bilionários não vão ser comemorados apenas pelos banqueiros. Isso porque uma relevante parcela dos lucros das companhias de capital aberto acaba sendo repassada aos acionistas, na forma de dividendos. E isso inclui os pequenos acionistas.
Os bancos como um todo lucraram, na média, 43,7% a mais de 2006 para 2007. Considerando apenas os maiores bancos do país que têm ações negociadas na Bolsa, o lucro líquido do ano passado totalizou R$ 27,16 bilhões.
Por lei, ao menos 25% do lucro líquido de uma empresa de capital aberto deve ser repassado aos acionistas na forma de dividendos. Assim, os bancos devem repassar no mínimo R$ 6,79 bilhões referentes ao exercício de 2007.
O montante destinado aos dividendos é repartido pelas ações que a companhia tem em circulação no mercado. Dessa forma, quanto mais ações de uma empresa um investidor tem, mais dinheiro receberá em cada exercício.
"O pequeno investidor está cada vez mais atento aos dividendos. Há muitas empresas com boas políticas de distribuição de dividendos, que pagam mais do que a lei exige. Por isso, é importante que o investidor se informe antes de aplicar em uma ação", afirma Álvaro Bandeira, presidente da Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais).
Há empresas que já repassam proventos --especialmente dividendos e juros sobre capital- mensalmente, o que leva muito pequeno investidor a contar com uma renda extra com suas aplicações em Bolsa, além dos ganhos que podem ser conquistados com a valorização das ações.
"Os investidores têm buscado montar carteiras em que as ações de companhias que são boas pagadoras de dividendos têm ganhado preferência", afirma Bandeira.
Pagamentos – Normalmente, os dividendos (e outros proventos) são depositados na conta corrente de cada pessoa que tem investimentos em ações.
Se ocorrer de o acionista não ser localizado, a companhia tem de manter os recursos referentes aos dividendos em uma conta não-remunerada por um período que se estende por três anos. Passado esse prazo, o capital retorna ao patrimônio da empresa.
Existem empresas que enviam cartas aos acionistas informando sobre o pagamento de proventos. Daí a importância de conhecer a companhia e seus métodos de operar na hora de decidir em que ação aplicar suas economias.
O que muita gente se esquece é que uma ação representa uma fração de uma companhia. Ou seja, ao adquirir uma ação, o investidor, independentemente do tamanho de sua aplicação, está se tornando mais um dos sócios dessa empresa.
Fundos de bons pagadores – Atentas às demandas do mercado, as instituições financeiras têm lançado nos últimos anos fundos formados apenas por ações de companhias que são historicamente boas pagadoras de dividendos.
Grandes instituições financeiras, como Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, ABN Amro e Unibanco, já oferecem esse tipo de produto a seus clientes que ficarem interessados em buscar uma aplicação atenta às vantagens dos dividendos.
Ano a ano as companhias brasileiras têm distribuído montantes maiores de seus lucros aos acionistas.
Números da CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia) mostram que, em 2006, R$ 22,31 bilhões foram repassados pelas companhias listadas na Bolsa de Valores de São Paulo a seus acionistas na forma de proventos em dinheiro (principalmente dividendos e juros sobre capital).
Em relação ao exercício do ano passado, estima-se que ao menos outros R$ 28 bilhões cheguem aos bolsos dos aplicadores.
No começo da década, o montante era muito menos expressivo. Em 2000, os proventos distribuídos ficaram em torno de R$ 3 bilhões.
Fabrício Vieira, da Folha de S. Paulo