12 de Maio de 2010 às 10:36
O governo quer convencer os senadores da base aliada a derrubar o aumento de 7,7% para os aposentados e o fim do fator previdenciário. Durante reunião da coordenação política de ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou que não vai "permitir que o clima eleitoral contamine a tranquilidade das contas públicas e a responsabilidade fiscal do governo".
O aumento de 7,7% e o fim do fator previdenciário foram aprovados na semana passada, durante votação na Câmara. O reajuste representou um prejuízo de R$ 4 bilhões para as contas do governo e a extinção do fator, outros R$ 4 bilhões. "Nós pretendemos fazer um debate não apenas com os líderes aliados, mas também com os senadores da oposição", afirmou o ministro da coordenação política, Alexandre Padilha.
Padilha, que admitiu a necessidade de redobrar o diálogo com os senadores, negou que haja uma predisposição na base para manter o reajuste dos aposentados. Durante a votação na Câmara, na semana passada, o líder do PMDB na Casa, Henrique Eduardo Alves (RN), afirmou que apoiaria o reajuste porque os senadores pemedebistas estavam mobilizados para o mesmo fim. "Eu liguei para o líder Renan (Renan Calheiros, líder do PMDB no Senado) e ele me disse que vai apoiar os 7,7%. Não tenho como encaminhar um voto contrário aqui para os senadores do meu partido darem o aumento lá", disse Henrique.
Na votação da Câmara, quase todos os partidos governistas votaram a favor do reajuste - apenas o PT liberou a bancada. Para Padilha, como o tema não começou a ser debatido na Casa, não há como se falar em pré-disposição dos senadores para qualquer direção. Ele também não quer, pelo menos por enquanto, afirmar se o presidente Lula vetará as medidas caso os senadores não modifiquem a proposta aprovada pelos deputados. "Não queremos falar em veto ainda. Para nós, o jogo ainda está sendo jogado e vamos conversar com todos os líderes da base", declarou o ministro.
Durante a reunião da coordenação política, Lula e Padilha também reforçaram a necessidade de se votar rapidamente os quatro projetos que determinam um novo marco regulatório para exploração do pré-sal. O governo quer votar todos os projetos até o fim desse semestre para retomar os leilões de concessão de exploração no início do segundo semestre.
Apesar da pressão da oposição, o governo não pretende retirar a urgência constitucional dos projetos. "Nós estamos dispostos a debater com todos os senadores, mas não abrimos mão da urgência", afirmou o ministro. Para Padilha, a pressão da oposição é uma questão ideológica. "O problema não é a urgência, o problema é que a oposição não concorda com o modelo de partilha defendido por nós", completou o ministro.
O ministro da coordenação aposta na mobilização dos aliados para superar a obstrução prometida pela oposição. "Na semana passada, tivemos mais de 40 senadores votando as matérias em plenário. Os senadores estão cientes da importância de mantermos o quórum alto para as votações na Casa", declarou o ministro.
Fonte: Valor Online
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