28 de Março de 2012 às 10:51
Claudia Safatle - Valor Econômico
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reúne-se hoje com os presidentes dos bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa) e com dirigentes dos maiores bancos privados do país para cobrar uma redução do spread bancário. Desde agosto do ano passado a taxa básica de juros (Selic) caiu 275 pontos, de 12,50% ao ano para 9,75% ao ano, mas os spreads – diferença entre as taxas de captação e de aplicação dos bancos – não caiu. Ao contrário, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central, o spread geral saiu de 26,9% em dezembro para 28,4% em fevereiro, num acréscimo do custo dos empréstimos tanto para pessoas físicas quanto para as empresas.
O Banco do Brasil e a Caixa estão com os cortes nas taxas de juros de quase todas as linhas de financiamento praticamente prontos. Haverá uma redução substancial nos custos dos empréstimos tanto para capital de giro quanto para o consumo.
Os bancos privados têm no aumento da inadimplência a principal justificativa para a elevação do spread que, no caso da pessoa física, era de 33,7% em dezembro e subiu para 35,8% em fevereiro, segundo dados do BC. A taxa de inadimplência, de 5,8%, é a mais elevada desde 2009, ano em que o país teve recessão como consequência da crise financeira internacional.
Um dos argumentos que o governo tem para persuadir o setor privado é o comportamento dos bancos públicos durante a crise de 2008/2009. Quando o sistema financeiro privado se retraiu, os bancos oficiais entraram ofertando crédito e saíram da crise abocanhando uma fatia do mercado. O mesmo, alegam as fontes oficiais, pode ocorrer novamente, já que BB e Caixa vão reduzir os juros de forma agressiva nos próximos dias.
Para o governo contrapor o argumento de que a inadimplência está gerando spreads mais elevados há, também, a ampliação das informações do Banco Central sobre risco de crédito. Desde fim de janeiro o BC passou a receber informações detalhadas sobre as operações de crédito, que envolvem tanto a renda das pessoas físicas quanto o faturamento das empresas e, ainda, dos fundos de investimento em direitos creditórios. Hoje o Sistema de Informações de Crédito (SCR) identifica todos os clientes com operações totais iguais ou superiores a R$ 1 mil reais, de forma facultativa. A partir de 30 de abril, a informação acima desse valor passará a ser obrigatória.
Com essas informações o governo acredita que a bancarização será feita com menor risco.
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