11 de Setembro de 2009 às 14:05

Meirelles comemora PIB, mas diz que não é hora de "baixar a guarda"


O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre é uma excelente notícia para o povo brasileiro e evidencia que o Brasil já saiu da recessão e está crescendo forte desde abril.


"[O Brasil] saiu da crise antes da maioria dos países e com crescimento mais forte que a maioria dos países. Dados preliminares indicam que o Brasil é um dos lideres, talvez o líder em crescimento no terceiro trimestre", afirmou.


Meirelles ressaltou, porém, que não é hora de "baixar a guarda" e que o equilíbrio da política macroeconômica deve ser mantido. "As perspectivas são extremamente positivas à frente, mas é o momento de mantermos a linha. Não é hora de baixar a guarda, é hora de saber que estamos no caminho certo e continuarmos trabalhando duro."


Ele disse ainda que é necessário "administrar com sabedoria" o mercado cambial e seguir acumulando reservas. "Em resumo, o importante é manter uma política que esta dando certo", completou.


A economia brasileira voltou crescer no segundo trimestre deste ano, o que significa que o país saiu da recessão técnica. O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,9% frente aos três meses imediatamente anteriores, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em relação ao mesmo período de 2008 o PIB teve recuo de 1,2%.


Ano


Meirelles disse ainda achar "altamente possível e provável" que o Brasil feche o ano com crescimento em 2009. A última previsão do Banco Central foi de 0,8% e uma nova projeção será feita em setembro.


O presidente citou dados do desemprego de julho --o menor da série histórica-- e o crescimento da massa salarial.


"Isso mostra que as medidas tomadas pelo governo brasileiro para enfrentar a crise, e pelo BC foram adequadas, na medida certa, na hora certa, com diagnóstico correto", afirmou.


Meirelles ressaltou que o Brasil "preserva os fundamentos da economia da crise", mantendo, por exemplo, suas reservas internacionais em US$ 220 bilhões, cerca de US$ 5 bilhões a menos do que no início da crise. "Muitos países sacrificaram seus fundamentos econômicos", completou.


Mantega


O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou nesta sexta-feira que o resultado do PIB comprova que a economia brasileira estava resistente quando a crise econômica se agravou. Ele afirmou ainda que o governo fez sua parte com desonerações de impostos e que o país deve fechar o ano com alta de 1% no PIB.


De acordo com Mantega, a economia deve fechar o terceiro trimestre com alta entre 2% e 3% e, o segundo semestre de 2009 deve registrar aumento de 3,5% sobre o mesmo período de 2008.


Segundo o ministro, o Brasil gastou em 2009 entre 1% e 1,5% do PIB deste ano em desonerações de tributos e outras ações para estimular a economia. As medidas incluíram redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para automóveis, linha branca e construção civil e outros impostos, além do programa habitacinal Minha Casa, Minha Vida.


PIB

O consumo das famílias manteve-se em alta e registrou o 23º aumento consecutivo, com o avanço de 3,2% no segundo trimestre, na comparação com igual período em 2008, puxando o crescimento do PIB nacional neste período.


Setores

O PIB, que mostra o comportamento de uma economia, é a soma das riquezas produzidas por um país. O indicador é composto por indústria, agropecuária e serviços. O PIB também pode ser analisado a partir do consumo, ou seja, pelo ponto de vista de quem se apropriou do que foi produzido. Neste caso, é dividido pelo consumo das famílias, pelo consumo do governo, pelos investimentos feitos pelo governo e empresas privadas e pelas exportações.


Assim, o consumo do governo no segundo trimestre registrou variação negativa de 0,1% em relação ao primeiro trimestre. Sobre igual período em 2008, constatou-se crescimento de 2,2%. No primeiro semestre, registra alta de 2,5%, e nos últimos 12 meses, o aumento chega a 4,2%.


O investimento --medido pela chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e que indica a confiança das empresas--, ficou estável em relação ao primeiro trimestre. Em relação ao segundo trimestre de 2008, houve retração de 17%. No acumulado do semestre, a queda foi de 15,6%, e nos últimos 12 meses, a queda chega a 2,2%.


A taxa de investimento de abril a junho representou 15,7% do PIB, a menor para um segundo trimestre desde 2003 (14,8%); em igual período em 2008, a taxa significou 18,5%. No acumulado do semestre, o investimento representou 16,1% do PIB, menor taxa desde o primeiro semestre de 2005.


O setor industrial, após dois trimestres negativos, teve alta de 2,1% frente ao primeiro trimestre. Em relação ao período de abril a junho do ano passado, a indústria caiu 7,9%. De janeiro a junho, a queda foi de 8,6%, e no acumulado em 12 meses, houve retrocesso de 3%.


Já o setor de serviços registrou incremento de 1,2% na comparação com o primeiro trimestre. Em relação ao segundo trimestre do ano passado, o PIB dos serviços subiu 2,4%, assim como no acumulado do primeiro semestre, cujo avanço chegou a 2,1%. Nos últimos 12 meses encerrados em junho, verifica-se alta de 3,1%.


O setor agropecuário, por sua vez, teve variação negativa de 0,1% na comparação com o período de janeiro a março deste ano. Em relação ao segundo trimestre de 2008, a agropecuária teve queda de 4,2%. A retração do setor chegou a 3% quando o desempenho de janeiro a junho é comparado a igual período no ano passado. Nos últimos 12 meses, foi constatado avanço de 0,2%.

Fonte: Folha Online

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