11 de Setembro de 2008 às 12:01
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São Paulo – O Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) realizou o estudo Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça. O destaque é para o aumento de mulheres chefes de família e a redução de desigualdade entre negros e brancos.
A pesquisa revela que entre a população negra com 60 anos ou mais, 34,7% encontravam-se ocupados ou em busca de trabalho em 2006, comparados a 29,3% da população branca na mesma faixa etária. Os dados apontam que os negros entram mais cedo e deixam o mercado de trabalho mais tarde do que os brancos, tanto homens quanto mulheres.
A renda dos negros aumentou, em média, R$ 19 em dez anos (de 1996 a 2006). Mas logo se percebe que não foi nenhum avanço, pelo contrário, a queda da diferença entre brancos e negros se deu devido à diminuição dos rendimentos médios dos homens brancos, que passaram de R$ 1.044,20 a R$ 986,50.
Bancos – Nos bancos, os negros representam uma fatia de apenas 2,4% do quadro funcional em todo o País, enquanto os brancos são 84,1%. A estatística está no relatório social da federação dos bancos (Febraban) referente a 2007 e apresentado recentemente.
Um bancário de 39 anos, negro, chefe de serviços bancários de uma agência do Itaú, acha que a cada geração os negros conquistam mais espaço, mas que as melhorias são muito pequenas. “Quando entrei no Itaú, há 19 anos, era eu e apenas mais um negro na agência. Hoje são vários. Mas ainda é um número muito pequeno”, diz o bancário. “O processo é lento e um número como este, que mostra que nossa renda média não aumentou significativamente em dez anos é um absurdo. Mas vamos nos firmando para as próximas gerações de negros”, completa.
Mulheres – Segundo o Ipea, o total de famílias formadas por casais com filhos e chefiadas por mulheres cresceu dez vezes, passando de 3,4%, ou 247.795 famílias, em 1993, para 14,2%, ou 2.235.233 lares, em 2006.
Nos bancos, as mulheres representavam 48,7% do total de 430.839 funcionários de 29 instituições no final de 2007, contra 51,3% homens, segundo balanço social da federação dos bancos.
A discrepância entre os salários de bancários e bancárias é grande na maioria dos cargos. É o que aponta a Relação Anual de Informações Sociais (RAS) do Ministério do Trabalho e Emprego, quanto maior a hierarquia maior a diferença salarial entre homens e mulheres dentro dos bancos. Bancárias com cargo de caixa ganham em média 11,77% menos que os bancários. Para o cargo de gerente de vendas a diferença salarial é de em média 22,19% menos que os homens.
Diversidade – O Mapa da Diversidade, reivindicado pelos movimentos sindicais, foi aplicado no mês de junho pelos banqueiros. Até agora, nenhum resultado foi divulgado pela federação sobre o mapeamento do perfil da categoria. Dos 396.949 trabalhadores dos bancos que aderiram ao programa, 202.460 responderam à pesquisa, o que corresponde a 51% dos bancários brasileiros.
Os dados da pesquisa são importantes no sentido de se conquistar a igualdade de oportunidades, com o fim de toda forma de discriminação nas instituições financeiras públicas e privadas.
Gisele Coutinho, do Seeb/SP, com Agência Brasil