6 de Julho de 2009 às 10:21

Pesquisa confirma que há discriminação nos bancos

O Mapa da Diversidade divulgado nesta quinta-feira 2 pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em reunião na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, em Brasília, comprova o que os bancários vêm denunciando há mais de uma década: existe discriminação contra as mulheres, contra os negros e contra as pessoas com deficiência dentro dos bancos.


"Esperamos que o levantamento, que os sindicatos ajudaram a realizar, contribua para avançarmos nas negociações visando incluir na Convenção Coletiva a implementação de políticas de combate a todo tipo de preconceito e discriminação nos bancos", afirma Deise Recoaro, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT.


Com o objetivo de ampliar o debate e sensibilizar a categoria, a Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual (CGROS) da Contraf-CUT convocou Dia Nacional de Luta pela Igualdade no dia 14 de julho. A decisão foi tomada pela Comissão em reunião realizada nesta quinta-feira na sede do Sindicato dos Bancários de Brasília, antes de participar da reunião na Câmara dos Deputados em que foi divulgado o Mapa da Diversidade.


A reunião ganhou caráter de audiência pública, em razão da grande participação da CGROS e de representantes da sociedade civil e do governo, e foi transferida da sala da Comissão para o plenário da Câmara.


Salário das bancárias é 78% o dos homens


O Mapa da Diversidade, montado a partir de uma pesquisa respondida por 204.794 bancários de todo o Brasil, revela que as mulheres ganham 78% dos salários dos homens e encontram mais obstáculos para a ascensão profissional. Apenas 19,5% dos trabalhadores do sistema financeiros são negros ou pardos, que ganham, em média, 84,1% do salário dos brancos. A discriminação é ainda maior em relação às mulheres negras: somente 8% delas conseguem emprego nos bancos.


"A Febraban realmente concordou na pesquisa que existe discriminação e que ela se manifesta de várias formas. Percebeu-se que há menos mulheres e negros na chefia, por exemplo", assegura Rosane Alaby, diretora do Sindicato dos Bancários de Brasília.


O Mapa da Diversidade confirma os dados da pesquisa sobre emprego e desemprego que a Contraf-CUT e o Dieese divulgaram no dia 16 de junho último relativa ao primeiro trimestre de 2009. O salário médio das mulheres contratadas pelos bancos nos primeiros três meses do ano foi de R$ 1.535,34, enquanto a remuneração média dos homens admitidos no mesmo período chegou a R$ 2.022,56 - uma diferença de 24,09% em prejuízo das bancárias.


Além disso, houve uma redução de 11,2% no salário médio das mulheres contratadas este ano em relação ao primeiro trimestre de 2008, quando esse valor foi de R$ 1.729,37. Veja a pesquisa aqui.


"Sabemos que ainda há muita coisa pela frente. A palavra do momento é avançar, não só para a classe dos bancários. Queremos mais engajamento em toda a sociedade", defende o deputado Luiz Couto (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, que organizou o encontro para apresentação dos resultados da pesquisa.

Fonte: Contraf-CUT

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