22 de Julho de 2021 às 09:13

Todas as vacinas disponíveis no Brasil “protegem muito bem contra casos mais graves da Covid-19”, afirma sanitarista da Fiocruz

Vacinas

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A pandemia de Covid-19 no Brasil ainda é grave e exige aceleração da vacinação, sobretudo pela ameaça de novas variantes consideradas mais contagiosas, como a Delta. Mesmo diante da necessidade, o que se vê é um comportamento da população que pode prolongar a pandemia – a escolha por um imunizante com maior percentual de eficácia ou por aquele provoque menos reação.  

A prática ganhou o nome de “sommelier” de vacina – pessoa que escolhe o imunizante, atrasando a vacinação. Segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), quase 75% dos municípios registraram casos de pessoas que querem escolher com qual vacina se imunizar contra a Covid-19. O levantamento da Confederação foi feito de 12 a 15 de julho e ouviu 2.826 gestores - o que representa 50,8% dos municípios brasileiros. 

Para o médico sanitarista Cláudio Maierovitch, coordenador do Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde (NEVS) da Fiocruz Brasília, a prática não se justifica. “Todas as vacinas que estão em uso no país têm um excelente perfil de segurança e uma eficácia bastante satisfatória, superior ao mínimo definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 50%”, afirmou. “Nenhuma vacina dá uma proteção de 100%, mas todas elas protegem muito bem contra casos mais graves”, reforçou Maierovitch, que também já foi presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

Maierovitch enfatiza que o mais importante é que as pessoas dos grupos prioritários ou de faixas etárias convocados para a imunização se vacinem logo. A proteção, explica, não diz respeito apenas a eficácia da vacina, mas também a velocidade com que o país consiga vacinar uma proporção importante da população. “Enquanto existir uma epidemia de grandes proporções, ninguém estará completamente protegido. Mas, ao contrário, se o país tiver um grande número de pessoas protegidas, o vírus vai circular muito menos e as pessoas, coletivamente, estarão menos sujeitas ao risco”. 

Imunização completa – Cláudio Maierovitch reforça a necessidade de tomar as duas doses da vacina para uma completa proteção. “Exceto para a vacina da Janssen, que é uma dose só, todas as outras vacinas aplicadas no Brasil exigem segunda dose, senão a pessoa não vai ficar devidamente protegida”, enfatiza. Ele critica a falta de uma campanha de comunicação do Governo para esclarecer a população sobre a necessidade das duas doses. No Brasil, pouco mais de 90 milhões de pessoas receberam a primeira dose da vacina. Destas, somente cerca de 34 milhões estão totalmente imunizadas, o que representa 16% da população brasileira, estimada em 211, 7 milhões de pessoas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Conheça as vacinas disponíveis no Brasil e como elas funcionam: 

É importante destacar que cada laboratório realiza diferentes estudos, portanto, a eficácia global não pode ser comparada de maneira simplificada. Cláudio Maierovitch explica que as taxas não são comparáveis porque os estudos clínicos da fase 3, última etapa antes de autorização para uso, foram realizados em diferentes populações e em contextos também distintos. “Não adianta fazer um estudo em um país com altíssima transmissão, com grande número de casos e óbitos, e comparar com uma outra vacina em que o estudo foi feito em um país onde a pandemia está controlada”. 

De forma geral, estes números estimam o potencial das vacinas de reduzir os riscos de infecção. Todas as vacinas disponíveis no país foram aprovadas pela Anvisa após passarem por testes rigorosos para comprovar sua eficácia e segurança.  

Comirnaty (Pfizer e BioNTech) 

Eficácia global: 95% 

Esquema de doses: duas doses, com intervalo de três meses 

Tecnologia: RNA Mensageiro ou mRNA 

Como funciona: As vacinas com esta tecnologia carregam o código genético do vírus, com instruções para que as células do nosso organismo “aprendam” a produzir uma proteína específica do vírus, estimulando a resposta do sistema imune. 

  

Coronavac (Butantan e Sinovac) 

Eficácia global, com intervalo de 21 dias entre as duas doses – 62,3% 

Eficácia global, com intervalo de 14 dias entre as duas doses – 50,7% 

Tecnologia: vírus inativado 

Como funciona: Uma parte do vírus da própria covid-19 é replicada e, em seguida, inativada – ou seja, morta. Assim, o vírus não se multiplica no corpo e nem adoece quem recebe a vacina. No entanto, é capaz de provocar a produção de anticorpos, produzindo resposta imunológica. 

  

Covishield (AstraZeneca/Oxford)  

Eficácia Geral:  82,4% 

Esquema de doses: duas doses, com intervalo de três meses 

Tecnologia: Vetor viral  

Como funciona: O adenovírus, que infecta chimpanzés, é manipulado geneticamente em laboratório para inserir o gene da proteína S (Spike) do Sars-CoV-2, ou seja, para que tenha em sua estrutura uma parte do coronavírus. Ele é reconhecido pelas nossas células, que desencadeiam uma resposta imunológica para esta proteína, gerando anticorpos. É importante destacar que o vetor viral não é replicante, portanto, o adenovírus não pode se replicar na pessoa vacinada. 

  

Janssen (Johnson & Johnson) 

Eficácia global: 66,9% 

Esquema de doses: dose única 

Tecnologia: Vetor viral 

Como funciona: assim como a Astrazeneca – utilizam outro vírus, o adenovírus, como vetor para levar/carregar as informações genéticas do causador da doença para simular uma infecção e provocar resposta do sistema imunológico. 

Fonte: Fenae

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