24 de Setembro de 2008 às 11:22
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Pela primeira vez no ano, os bancos reduziram a projeção de crescimento para as operações de crédito. Segundo pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) com 26 instituições do mercado, a expectativa para o avanço das carteiras de empréstimos neste ano caiu de 24,97%, no levantamento de julho, para 23,94% nas respostas dadas no fim da semana passada, refletindo o agravamento da crise internacional.
Para o próximo ano, a redução foi ainda mais forte. As instituições financeiras acreditam que o crédito irá crescer 19,33% em 2009, contra expectativa de 21,13% registrada na pesquisa de julho. Segundo Rubens Sardenberg, novo economista-chefe da Febraban, a alteração do cenário se deve em parte ao aperto monetário do Banco Central, que já elevou a Selic em 2,5 pontos percentuais desde abril, para 13,75% e, obviamente, pelo agravamento da crise dos mercados globais.
“A expectativa de redução da velocidade de crescimento do crédito é coerente com o quadro geral que vemos hoje”. Ele ressalta, no entanto, que, apesar de a liquidez global ter se reduzido nos Estados Unidos e Europa, no Brasil a situação não é preocupante. “No mercado local não há problema de funding”.
Ainda de acordo com a pesquisa, realizada entre os dias 17 e 19 de setembro, os bancos elevaram a previsão do crescimento do PIB de 4,79%, em julho, para 5,15% no levantamento deste mês, refletindo o forte avanço do primeiro semestre divulgado recentemente pelo IBGE (6%). Para 2009, no entanto, a estimativa foi reduzida de 3,90% para 3,75%.
Com relação à Selic, as instituições esperam que o Banco Central realize mais dois cortes de 0,5 ponto percentual nas duas próximas reuniões, encerrando o ano em 14,75% ao ano. Para dezembro de 2009, a mediana das respostas indica taxa de 13,75% ao ano. Para a inflação, os economistas esperam que o IPCA encerre o ano em 6,19% e que caia para 4,94% em 2009.
Fernando Travaglini, do Valor Econômico