5 de Dezembro de 2008 às 11:28
Compartilhe
Os grandes bancos estão praticamente livres das punições criadas pela autoridade monetária para quem não ajudasse, por meio da compra de carteiras de crédito, as instituições pequenas e médias com problemas de falta de liquidez. Segundo balanço do BC, no último dia de novembro os grandes bancos tinham usado R$ 27,312 bilhões dos depósitos compulsórios na compra de carteiras e outras operações, como investimentos em depósitos interfinanceiros. Isso representa 89% dos R$ 30,5 bilhões liberados pelo BC para ajudar bancos menores.
As instituições financeiras, porém, só cumpriram as aplicações exigidas graças a mudanças nas regras promovidas pelo BC, que permitiram que os grandes bancos aplicassem dinheiro do compulsório em instituições financeiras que não necessariamente enfrentam problemas. A regra estabelecida pelo BC permite que os grandes bancos façam depósitos interfinanceiros em instituições com patrimônio de referência de até R$ 7 bilhões. Nesse grupo, estão bancos ligados a conglomerados financeiros estrangeiros que têm posições sólidas de liquidez no Brasil. O BC permitiu também que os bancos aplicassem R$ 6,2 bilhões em depósitos interfinanceiros no BNDES, que seriam dirigidos a financiamentos a empresas.
O BC informa que, até agora, não separou o que é compra efetiva de carteiras de crédito e o que são depósitos interfinanceiros. Até meados de novembro, antes de a autoridade monetária flexibilizar as regras, os grandes bancos haviam aplicado apenas R$ 10,208 bilhões. Eles reclamavam que não havia mais boas carteiras disponíveis e relutavam a assumir riscos excessivos em período de desaceleração da economia, que poderá levar ao aumento da inadimplência nos empréstimos bancários.
Além da compra direta de carteiras, o BC socorreu os bancos com injeção de R$ 5,374 bilhões no Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Os bancos tiveram compulsórios sobre depósitos a prazo liberados para antecipar mensalidades à instituição. Desde o início da crise, o recolhimento de depósitos compulsórios das instituições já foi reduzido em R$ 84,642 bilhões, passando de R$ 272,015 bilhões para R$ 187,373 bilhões entre setembro e novembro, segundo o BC. Da queda de R$ 84,642 bilhões, R$ 80,719 bilhões se referem aos compulsórios remunerados e R$ 3,923 bilhões aos não-remunerados.
Valor Econômico