16 de Março de 2009 às 09:34

Valor: Dilma Rousseff fala sobre o spread bancário

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou, no dia 11 de março, que o governo federal vai criar uma referência para o spread bancário no Brasil. De acordo com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, que acompanhou a ministra em um seminário sobre a crise mundial em São Bernardo do Campo (SP), um grupo de trabalho formado por técnicos do ministério, do Banco Central e do BNDES está estudando medidas que devem ser anunciadas nas próximas semanas para mitigar o risco dos financiamentos no Brasil. Também presente no mesmo seminário, o governador José Serra fez duras críticas ao Banco Central por ter só iniciado a redução das taxas de juros após o agravamento da crise financeira no país.

Sem dar mais detalhes de como o governo pretende criar uma referência para o spread, Dilma afirmou repetidas vezes que a partir de agora o aumento do crédito e a redução dos juros são prioridades do governo no combate à crise. "Esta é uma oportunidade única para termos uma taxa de juros civilizada no país, sem aventuras e sem perdermos uma vírgula dos avanços sociais que conquistamos", afirmou a ministra. Dilma reconheceu que a crise atingiu o país de forma "forte" no terceiro trimestre e que ela ainda não arrefeceu nos primeiros meses deste ano. "A recuperação terá início a partir do segundo semestre."

De acordo com ela, é inaceitável que a maior parte dos países afetados pela crise tenha visto os spreads bancários recuarem desde o início da crise enquanto no Brasil eles continuam elevados. "Não é possível entender por que em países como a Índia houve redução e aqui não", disse ela. Segundo a ministra, a redução do spread e a redução dos juros serão alavancadores para que o país retome o crescimento registrado nos três primeiros trimestres do ano passado.

Dilma Rousseff voltou a afirmar que o país está em uma situação mais confortável que os países desenvolvidos e também voltou a criticar o mercado financeiro e os governos de países que abriram mão de controlá-lo. "Essa é também é uma crise de Estado, que transferiu o controle do mercado para as agências de risco", disse. "Mas as agências de risco estão tão comprometidas com as grandes empresas que dão nota 'AA' para um banco à beira da falência."

Dilma também rebateu as críticas de que o país teve a maior redução do PIB no terceiro trimestre. "Essa é uma visão no mínimo equivocada porque os países desenvolvidos começaram a desacelerar no início do ano e nós só fomos atingidos em setembro."

Após um longo balanço de seu governo, o governador José Serra criticou duramente o Banco Central durante seu discurso no seminário ocorrido no ABC paulista. "É inaceitável que o Copom tenha mantido os juros mais altos do mundo", disse. "Por que demoraram seis meses para iniciar a redução da Selic?" Serra afirmou que acredita não ter faltado vontade política ao governo, mas atribuiu o conservadorismo do Banco Central à arrogância de seus economistas. "Isso é moleza de economistas que acham que sabem economia, mas que na verdade sabem menos do que pensam", afirmou o governador de São Paulo.





Fonte: Valor Econômico

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